Manuel Matola
A Polícia Marítima detetou hoje 28 migrantes – incluindo uma mulher grávida e um menor – alegadamente oriundos do Norte de África, que desembarcaram ilegalmente ao largo da Ilha Deserta, na Ria Formosa. O grupo será instalado na Base de Apoio Logístico do Algarve em Quarteira para ser submetidos a testes de despiste à Covid-19 e assistidos em termos humanitários essenciais.
Nos últimos meses, o Algarve tem sido usado como porta de entrada para o continente europeu, uma tendência que se tem acentuado. Apesar do fluxo, o ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, considerou em janeiro passado que era “prematuro” considerar que esta se tratava de uma nova rota de migração para Portugal.
E em meados do corrente ano, o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) anunciou que estava a investigar em parceria com as autoridades espanholas a possibilidade de a costa do sul de Portugal ser o ponto de chegada de uma nova rota marítima de imigração vinda do Norte de África. Contudo, ainda não se conhecem os resultados da investigação.
Em nota hoje divulgada, o SEF refere que está a desenvolver “todos os procedimentos previstos nestas situações” como a que ocorreu hoje, em particular as necessidades básicas de alimentação e assistência médica aos 28 imigrantes.
Segundo o comunicado, a que o jornal É@GORA teve acesso, o trabalho está a ser feito conjuntamente com a Unidade de Controlo Costeiro da Guarda Nacional Republicana, a Polícia Marítima, Autoridade Nacional Proteção Civil e a Câmara Municipal de Loulé.
De acordo com a agência Lusa, o grupo de migrantes que desembarcou ilegalmente ao início da tarde na ilha Deserta, em Faro colocou-se em fuga pelo areal, mas horas depois a Polícia Marítima “empenhou diversos meios” e intercetou-os.
Diligências
A embarcação em que os 28 migrantes chegaram à ilha tem cerca de sete metros e é semelhante às usadas nos outros cinco desembarques ilegais registados na região desde dezembro, segundo relatou a agência Lusa.
O desembarque foi comunicado às autoridades via 112 por pessoas que se encontravam na praia, naquela ilha, que não possui habitantes e apenas tem um restaurante e um apoio de praia.
No local estiveram pelo menos 18 elementos da Polícia Marítima, apoiados por quatro embarcações e outros meios.
Na operação estiveram também envolvidos elementos da Unidade de Controlo Costeiro da GNR.
Este é o sexto de desembarque ilegal na costa algarvia envolvendo migrantes do Norte de África, estimou a Lusa.
O mais recente caso ocorreu em julho, quando um grupo de 21 homens, alegadamente marroquinos, desembarcaram na ilha do Farol, também no concelho de Faro.
Hoje, o SEF assegurou que, os migrantes – 24 adultos do sexo masculino, três do sexo feminino, uma das quais grávida, e um menor – ficarão à guarda da Guarda Nacional Republicana e do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras.
E na quarta-feira, “serão promovidas todas as diligências necessárias, designadamente, junto das instâncias judiciais, para avaliação da situação e promoção das medidas adequadas ao caso”, afirmou em comunicado a polícia migratória portuguesa. (MM)