Manuel Matola
O músico angolano Yuri da Cunha, um dos maiores intérpretes do ritmo Semba, alerta para a eventual crise cultural em Angola que, diz, necessita de ser salvada com urgência.
“Não podemos mais ignorar a situação em que nos encontramos. A cultura angolana está em perigo, e é nossa responsabilidade salvá-la”, afirmou Yuri da Cunha no Alta Tensão, um Podcast do jornal Diário de Notícias de Portugal, onde o artista vai atuar no Coliseu dos Recreios, em Lisboa, no próximo dia 13 de outubro para assinalar os 30 anos de carreira.
Os músicos convidados são Paulo Flores, Prodígio e o percussionista de profissão Magary Lord.
Alertando para a crise profunda que assola a cultura angolana, Yuri da Cunha afirmou que é crucial agir agora para salvar a riqueza cultural do país.
“Espero que consigamos, em algum ponto, formas de restabelecer aquilo que um dia foi cultural e onde a arte se faz presente. Façam com respeito, porque nós somos um povo culturalmente muito forte”, disse, ressaltando a necessidade urgente de preservar o Semba, a música tradicional angolana, que descreve como não apenas sua vida, mas o coração pulsante da identidade cultural angolana.
“A música, sem sombra de dúvida, é essa a paixão que eu tenho desde muito novo:
Aliás, eu comecei nas escolas”, disse ao lembrar parte do seu percurso de três décadas, a contar a partir do momento em que entra para a Rádio Pio.
Mas, assegurou, “a minha paixão pela música começou antes. Aos meus 7 anos eu era o melhor cantor infantil das escolas da cidade de Luanda e então essa paixão
sempre viveu aqui dentro”.
O músico, ao celebrar seus 30 anos de carreira, expressou gratidão pela jornada, mas também destacou a luta constante que os artistas enfrentam para manter viva a essência cultural do país.
“Esta celebração é um chamado à ação. Precisamos valorizar nossa cultura, nossas tradições, ou corremos o risco de perdê-las para sempre”, alertou.
O dia 13 de outubro, marcado para celebrar essas três décadas de música, será mais do que uma festa para Yuri da Cunha que anunciou que será um dia de resistência cultural, onde a música de Angola e suas tradições serão elevadas acima de tudo.
“É um protesto pacífico, uma declaração de que nossa cultura não será silenciada, mas precisamos do apoio de todos para garantir sua sobrevivência”, enfatizou o músico.
Na entrevista, Yuri da Cunha não apenas compartilhou sua paixão pela música, mas também lançou um apelo urgente à nação angolana e ao mundo. (MM)