(Escritora, Engenheira, Empreendedora)
“Normalidade”… Pedem-nos para voltar à “normalidade” com alguns cuidados e tendo em conta as novas regras. O que é a “normalidade”? Regressarmos ao trabalho com luvas e máscaras, munidos de frascos de gel, e cheios de medo de tocar em qualquer coisa ou pessoa? Será normal termos medo de chegarmos perto dos nossos amigos? Será normal falarmos com funcionários públicos por trás de vitrines? Sim… Será o nosso novo normal. Temos de aceitar a nossa nova normalidade.
Contudo, para muitos de nós essa normalidade não é a maior mudança. Muitos perderam os postos de trabalho e não poderão voltar porque os mesmos tornaram-se obsoletos ou porque não têm a capacidade de integrar-se com as novas regras. O que fazer quando pedem para seguir em frente com uma vida que nunca mais será a mesma? A pergunta será, como? Como e onde recomeçar?
As finanças são sempre a primeira coisa a analisar. Temos de saber onde estamos, para podermos saber até onde poderemos chegar, e como? Temos um fundo de reserva? Quantos meses nos conseguimos aguentar até encontrarmos nova forma de subsistência? Quais as despesas que podemos reduzir? É importante, essencial e obrigatório analisarmos a fundo o orçamento familiar e eliminar tudo o que possa ser eliminado. A intenção é reduzir os gastos ao máximo para rentabilizar o dinheiro que nos resta.
Após a análise financeira devemos procurar emprego. Contudo, numa fase em que a maioria das empresas está a fechar há que analisar as tendências do mercado. Quais as profissões que ganharam mais destaque durante o tempo do Covid-19? Quais as profissões que têm tendência a crescer de acordo com a nova normalidade? Quais as nossas competências? Estas questões devem ser tomadas em conta de forma a que a escolha seja mais assertiva.
Uma alternativa à procura de emprego poderá passar por criar a própria empresa. Lembrem-se que em tempos de crise também criam-se novas oportunidades. Este deve ser o foco.
Devemos analisar o que nos faz falta e perceber se poderá haver um interesse a nível da sociedade. Nesta altura do Covid-19 o que mais fez falta? Quais os produtos a que tivemos maior dificuldade em aceder? Questões como estas poderão revelar uma necessidade e um nicho no mercado. Não devemos também esquecer que devemos criar algo em que acreditamos e que nos mova. A paixão é o melhor combustível para o sucesso.
As opções acima não são viáveis? Não deram resultado? Resta-nos procurar apoio. Temos acesso ao fundo de desemprego? Conseguimos apoio por parte da segurança social? Somos abrangidos pelo apoio ao pagamento das rendas? O importante é saber que não é vergonha pedir ajuda e que estes meios existem para situações delicadas. É nestas alturas que nos devemos virar para os apoios do estado e tendo a plena consciência de que é uma situação temporária.
O caos leva sempre à ordem. Há que manter uma atitude positiva durante o período de adaptação à nova “normalidade”. Não é fácil. Não é nada fácil, mas existe uma forma de o fazermos: agradecer por tudo o que temos. O foco deve ser virado para a abundância e não para a escassez. Família, saúde, harmonia, bem-estar… São algumas das várias coisas em que podemos colocar o nosso foco e agradecer.
Por último, nunca nos devemos esquecer do motivo pelo qual estamos sujeitos a uma nova “realidade” e perceber que a ameaça continua presente. Cumprir as regras e ser solidário é uma exigência e não um pedido. Devemos manter a mentalidade: cuidar de nós, cuidar dos nossos e cuidar de todos.(X)