Afegão Nasir Ahmadi em greve de fome para que Portugal acolha a mãe e irmã

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Manuel Matola

O imigrante afegão Nasir Ahmadi começou esta segunda-feira uma greve de fome até que Portugal traga a irmã e mãe da capital afegã, Cabul, onde a partir de hoje a situação das mulheres se torna cada vez mais difícil, sobretudo, por terça-feira ser o último dia da presença das tropas norte-americanas e da NATO no solo afegão.

“Estamos na última hora. Espero que os militares portugueses, com a ajuda do Governo dos Estados Unidos, possam fazer alguma coisa”, diz Ahmad Nasir que suspeita que, no minuto em que o último militar ocidental deixar aquele território, haverá retaliação dos talibã, sobretudo, contra duas das mais importantes mulheres da sua vida: a mãe e a irmã, uma ativista dos direitos humanos.

“Com certeza que eles vão procurar as pessoas que trabalhavam como ativistas ou na defesa dos direitos humanos. Eles vão matar todas essas pessoas”, afirmou há dias ao jornal É@GORA Ahmad Nasir numa conversa telefónica a partir do Porto onde reside desde 2016, ano em que chegou ao território português na condição de refugiado.

Hoje, está cada vez maus ciente de que a greve de fome vai suplantar o “medo do futuro”, visto não tido sucesso após lançar uma petição a pedir que Portugal acolha a mãe e a irmã, residente em Cabul, onde a qualquer momento “os talibã vão bater a porta e levá-las à prisão ou matá-las”.

Nasir Ahmadi imigrante afegão residente no Porto
Citado hoje pela Lusa, o afegão conta que na “quinta-feira da semana passada [os militares portugueses] pediram-lhes para ir ao aeroporto, mas elas não conseguiram ir porque os talibãs não deixaram, estava muita gente e não conseguiram entrar no aeroporto e aconteceu a explosão. Por tudo isso, não conseguiram”.

Ainda na quinta-feira, Roshan e Lida pediram ajuda para chegar ao aeroporto, “mas os militares disseram que não podem sair da sua linha e só podiam esperar mais uma hora, entretanto, a explosão aconteceu”, detalhou o jovem tem procurado trazer a família para Portugal, ao abrigo de um visto de reagrupamento familiar atribuído em regime excecional.

O atentado suicida no aeroporto de Cabul de quinta-feira, reivindicado por um braço do grupo ‘jihadista’ Estado Islâmico, matou pelo menos 170 pessoas e feriu 150.

Desde então, Nasir não tem tido resposta por parte das forças militares, que saíram do país na sexta-feira.

Nasir pede ajuda diplomática para conseguir tirar a família de casa e uma resposta urgente dos militares portugueses, já que terça-feira é o último dia de presença militar dos Estados Unidos naquele país.

Para o afegão, a solução passa por “um plano organizado do Governo, para ir buscá-las, como a Alemanha”, cuja embaixada “está a ajudar as pessoas a chegar ao aeroporto”, refere.

Desde que lançou petição – com mais de mil subscritores -, o imigrante Nasir Ahmadi está a viver momentos de total agonia, pelo que pretende obter uma resposta urgente das autoridades portuguesas para que a mãe Roshan Noori, que está doente sob cuidados da irmã sejam colocadas em Portugal.

“A minha irmã era ativista em Cabul [onde] as mulheres que trabalhavam fora de casa, hoje, têm problema de segurança, porque os talibã não vão deixar que essas pessoas que estavam no governo, nas ONG em prol da liberdade das mulheres e pela democracia trabalhem. Elas estão em rico. Eu pedi ajuda do governo para salvar a vida delas. Elas estão muito tristes, pois, cada dia, estão a contar o tempo em que os talibã vão bater a porta e leva-las à prisão ou matá-las. Para eles as mulheres não são nada. Por isso que também estou muito triste”, diz ao jornal É@GORA.

A maioria dos países da Aliança Atlântica (NATO) já terminou as operações no aeroporto Hamid Karzai, em Cabul, onde se aglomeraram milhares de afegãos na tentativa de deixar o país, depois de os talibãs (extremistas) terem reconquistado a capital ao fim de 20 anos.

Segundo os últimos números, cerca de 114.000 pessoas foram retiradas de Cabul, desde a tomada da cidade pelos talibãs, em cerca de 2.900 em voos militares ou da coligação internacional.

Portugal recebeu, até agora, 61 refugiados afegãos. (MM e Lusa)

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