A Assembleia do partido Livre decidiu propor ao congresso a retirada da confiança político à deputada Joacine Katar Moreira, a quem acusam de, “por opção própria, reiteradamente” ter prescindido de representar o partido no Parlamento. Mas aquele órgão máximo entre congressos da formação política liderada por Rui Tavares reconhece que essa decisão trará “consequências gravosas” para organização.
“Não podemos manter a confiança política em quem, por opção própria, reiteradamente prescindiu de nos representar”, refere o partido LIVRE numa frase com que a assembleia do partido – órgão máximo entre congressos – propõe à convenção do próximo fim-de-semana que Joacine Katar Moreira passe à qualidade de deputada não inscrita”, refere uma resolução do partido divulgada esta quinta-feira.
A proposta de retirada de confiança política à deputada luso-guineense – cabeça de lista do partido Livre às legislativas-2019 – foi apresentada há dias por cinco apoiantes do partido, o número mínimo exigido no regulamento do partido para que as moções apresentadas sejam votadas no congresso.
Na moção, os tais militantes do LIVRE sugerem que Joacine Katar Moreira “renuncie às suas funções” no Parlamento, por considerarem que “as peripécias, atribulações e polémicas internas” em que a única deputada daquela formação política “se viu envolvido de outubro até hoje” conduziram “à degradação da imagem pública e da credibilidade do partido”.
No entanto, Joacine Katar Moreira reagiu no mesmo dia, afirmando não conhecer “nenhuma daquelas pessoas” que apresentaram a moção intitulada “Recuperar o LIVRE, resgatar a política”, uma das 18 que serão discutidas e votadas na Convenção do partido, no próximo fim-de-semana.
“Estimados amigos, não se preocupem comigo por causa de uma moção que será apresentada no Congresso do partido em que pedem o meu lugar no parlamento. Eu não conheço nenhuma daquelas pessoas. Não as vi em campanha, a apoiar e a ajudar o partido a eleger. Agora depois da eleição surgiram muitas pessoas do LIVRE que tinham desistido do partido e que chegam com força a apoio para resgatar valores e fazê-lo ´voltar à trilha`, citando Rui Tavares”, escreveu na segunda-feira Joacine Katar Moreira na sua página do Facebook.
Nesta quinta-feira, uma resolução da assembleia do partido refere que por não se vislumbrar da parte da deputada, Joacine Katar Moreira, “qualquer vontade em entender a gravidade da sua postura, nem intenção de a alterar, a assembleia do LIVRE delibera retirar a confiança política à deputada” Joacine Katar Moreira.
“Considerando que a eleição para a Assembleia da República de uma representante do Livre é uma responsabilidade que transcende a deputada eleita, e porque não se vislumbra da parte da deputada, Joacine Katar Moreira, qualquer vontade em entender a gravidade da sua postura, nem intenção de a alterar, a assembleia do Livre delibera retirar a confiança política à deputada, pelo que deixa de reconhecer o exercício do seu mandato como sendo exercido em representação do Livre”, refere o órgão partidário.
Os autores do texto de pedido de renúncia de Joacine Katar Moreira reconhecem que “a eleição de uma deputada encheu todos os [apoiantes do] LIVRE de entusiasmo e esperança” aos membros do partido.
“Todavia”, afirmam, “não foi assim que as coisas se passaram. É verdade que o LIVRE começou a ser mais conhecido dos portugueses, mas não pelas razões que pretendíamos”.
Na moção apresentada, os cinco militantes daquela formação política assinalam que “as causas defendidas pelo LIVRE parecem não conseguir sobrepor-se ao ruído constante provocado pelos faits divers mais estapafúrdios; em que o coletivo parece soçobrar numa desmedida exposição mediática do indivíduo; em que o partido se arrisca a ver a sua própria sobrevivência posta em causa”.
“Assim sendo”, avisam os subscritores da moção, “no caso de a deputada não se dispuser a renunciar às suas funções, o LIVRE não tem outra alternativa a não ser retirar-lhe a confiança política”, o que poderá confirmar-se na Convenção do partido que no próximo fim de semana.(MM)