Associação Feminista portuguesa, UMAR, defende simplificação no asilo político de mulheres afegãs na UE

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FOTO: ORF ©

Manuel Matola

A Associação Feminista portuguesa, UMAR, defendeu hoje a simplificação do processo de atribuição de asilo político para as mulheres afegãs em Portugal e na Europa, lembrando que aquele país da Ásia Meridional “está numa grave crise”, pelo que “é preciso assegurar que os direitos humanos, das meninas e das mulheres sejam protegidos”.

Numa nota enviada ao jornal É@GORA, a UMAR – União de Mulheres Alternativa e Resposta -, agremiação fundada em 1976, garante que vai prestar “solidariedade ativa com as mulheres afegãs” dando suporte a “todas as iniciativas nacionais e internacionais de apoio às mulheres afegãs”.

A instituição assegura que irá apoiar, nomeadamente, a questão do “asilo político em Portugal e na Europa para as mulheres afegãs, acompanhado da simplificação do processo de asilo político” e ajudar a “fazer circular as vozes das mulheres afegãs que puderem organizar-se na resistência ao novo regime”.

A garantia foi dada dias depois de o imigrante afegão Nasir Ahmadi diz estar com “medo do futuro” e, numa petição, pede que Portugal acolha a mãe e a irmã, uma ativista na capital afegã, Cabul, onde a qualquer momento “os talibã vão bater a porta e levá-las à prisão ou matá-las”.

Para já, a UMAR faz eco de vozes de duas ativistas afegãs: “A jovem Aisha Klurram de 22 anos [que] apela a que não se esqueçam das mulheres afegãs, quando o Afeganistão deixar de estar nas primeiras páginas dos jornais”, que esta sexta-feira, segundo indica a agência Lusa, dão conta de que “vários países ocidentais, incluindo Espanha e Itália, terminaram ou vão cessar hoje as operações para retirar estrangeiros e afegãos de Cabul, a quatro dias de acabar uma presença militar estrangeira de 20 anos no Afeganistão”.

De acordo com um novo balanço hoje divulgado, pelo menos 95 pessoas morreram e 150 ficaram feridas no duplo atentado bombista perpetrado na quinta-feira pelo grupo extremista Estado Islâmico (EI) no aeroporto de Cabul.

A UMAR lembra por isso o pedido de “outra ativista afegã Pashtana Durrani, refugiada no seu próprio país, no Sul do Afeganistão, que sempre foi crítica das elites no poder, [e que] não tem dúvidas que o regime dos taliban vai aplicar a lei islâmica e impedir as raparigas de irem à escola a não ser em seminários islâmicos até aos 9 anos”, quando, sobretudo, as tropas norte-americanas e a NATO abandonarem definitivamente o solo afegão na próxima terça-feira.

A Associação Feminista portuguesa destaca a exortação da diretora da ONG LEARN que forma professoras e professores e ajuda a criar escolas dentro das comunidades que “apela a que se façam doações para a organização” através do seguinte link: learnafghan.org.

“Segundo estas ativistas a ação humanitária das Nações Unidas é necessária. O Afeganistão está numa grave crise. É preciso assegurar que os direitos humanos, das meninas e das mulheres sejam protegidos”, lembre a UMAR, que “num passado recente” se reuniu presencialmente com “algumas ativistas e resistentes” da Associação Revolucionária de Mulheres do Afeganistão (RAWA), que foi criada em 1977.

Por isso, a UMAR lembra que é “já antiga” a sua “preocupação, ligação e solidariedade com as mulheres afegãs”, dado que “várias foram as tentativas de governantes para que o Afeganistão fosse um país menos opressivo para mulheres e raparigas”.

“Recordemos o reinado de Amanullah e o regime de uma década do Partido Democrático do Povo do Afeganistão. Durante estes períodos houve uma tentativa de modificar o sistema patriarcal e opressor que sufocava as mulheres afegãs, promovendo a importância dos estudos e uma reforma estrutural das leis do casamento e da saúde. Contudo, a maioria destas mulheres vivia na pobreza extrema sem ter igual acesso a determinadas oportunidades”, afirma a UMAR.

A solidariedade da Associação Feminista de Portugal lembra igualmente “quando o regime Taliban dominou o país, a partir de 1996”, período em que “foram cometidas as maiores atrocidades contra as mulheres e os/as jovens”, e denuncia várias outras situações até aos dias de hoje, especialmente, os casos ocorridos desde 2001, na sequência dos atentados do 11 de Setembro, quando os Estados Unidos e os seus aliados ocuparam o Afeganistão sob o pretexto do país albergar terroristas ligados à Al-Qaeda.

A UMAR aponta a situação amplamente noticiada no ano de 2016, quando Farkhunda, uma estudante de 26 anos de idade, “foi linchada por uma multidão de bandidos que, falsamente a acusaram de ter queimado o Alcorão, período em que o Afeganistão testemunhou o crime mais horrível já cometido contra uma mulher afegã em plena luz do dia, no centro de Cabul, debaixo do nariz da polícia local e do governo”.

A agremiação lembra igualmente o alerta lançado pela ativista feminista afegã Edu Montesani em 2017, quando denunciou violências contra as mulheres no Afeganistão, pelo que alerta: “Esses tempos obscuros regressam agora, quando as milícias taliban chegam a Cabul”. (MM)

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