Ígor Lopes e Manuel Matola
O artista plástico Cláudio Torino manifestou um desejo firme de ver o candidato petista Lula da Silva ser eleito à Presidência brasileira para “combater a corrupção instalada por Bolsonaro”, atual Presidente. Mas para a advogada lusodescendente Ana Maria, uma vitória de Lula seria “uma vergonha” para o Brasil.
Ambos têm, para já, os seus desejos “suspensos” até ao dia 30 de outubro quando os 156 milhões de brasileiros voltarem às urnas para escolher o próximo Presidente da República Federativa do Brasil.
Neste domingo, os brasileiros votaram para diversos cargos políticos, incluindo o de Presidente.
As urnas eletrónicas espalhadas por todo o país possibilitaram que os eleitores votem para presidente, governador, deputados estaduais e federais e senadores.
No entanto, nenhum dos candidatos à chefia de Estado alcançou a metade da percentagem dos votos exigidos por lei para obtenção de uma vitória à primeira volta.
Diante deste cenário, duas candidaturas ao cargo máximo do país ganham destaque, mesmo com discursos calorosos e acusações. De um lado, Jair Bolsonaro, atual presidente e candidato à reeleição, que é bastante criticado pela forma como lidou com a pandemia e com outros temas que envolvem a gestão do seu governo. Do outro, Luís Inácio Lula da Silva, do Partido dos Trabalhadores, que chegou a ser condenado e três instâncias por vários crimes de corrupção, tendo sido as suas condenações canceladas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) que alegou que as ações contra o ex-presidente deveriam ser analisadas em Brasília e não em Curitiba. Lula não chegou a ser inocentado, mas teve garantida a sua presença como candidato nestas eleições.
Ouvidos pela Incomparáveis, Agência de notícias que procura aproximar e dar visibilidade ao universo chamado luso-brasileiro, sobretudo, em Portugal, a reformada Alcina Torres defende que “Lula foi injustiçado e merece uma nova oportunidade”.
Na longa noite eleitoral, os votos situaram-se abaixo dos 50% sendo que a apuração dos votos nas eleições brasileiras, que tiveram lugar neste domingo, dia 2, contou com uma disputa acirrada entre o atual presidente, Jair Bolsonaro, que totalizou 43,2 por cento dos votos, e o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, com 48,4 por cento.
Estes números forçaram uma segunda volta no próximo dia 30 de outubro. Especialistas garantem que o resultado de Bolsonaro é “sonante” e representa o anti-petismo. Muitos dos aliados de Bolsonaro foram eleitos para o Senado e como governadores.
O segundo colocado não chegou aos 5% dos votos. Nas redes sociais, muitas manifestações de apoio por parte dos apoiantes dos dois candidatos ao cargo máximo no Brasil. Segundo fontes ligadas aos partidos de Bolsonaro e de Lula, os próximos dias “serão de muita proximidade com a população e estabelecimento de alianças” que possibilitem a eleição do candidato que lidera o governo do Brasil, atualmente, ou do ex-chefe de Estado.
O lusodescendente Davide Gomes, comerciante, sugeriu à Agência de notícias Incomparáveis que, em caso de derrota de Bolsonaro, o país deveria “parar” em forma de protesto.
Nestas eleições, mais de 700 mil brasileiros são considerados aptos a votar no estrangeiro.
Só em Lisboa, mais de 45 mil brasileiros têm direito de votar na capital portuguesa.
Nas redes sociais, circula um vídeo em que o presidente do Partido português CHEGA, André Ventura, dá apoio a Bolsonaro e diz que uma possível eleição de Lula seria “uma tragédia para o Brasil, para a América do Sul e para os países lusófonos”.
Dados do Ministério da Justiça e Segurança Pública do Brasil indicaram que a Operação Eleições 2022 registou em todo o país 60 casos de compra de votos/corrupção eleitoral; 310 ocorrências de boca de urna; 55 violações de sigilo do voto; e 44 ocorrências de transporte ilegal de eleitores. (MM)