Brasileiro repatriado inocenta empresário Ricardo Amaral das acusações feitas pelo Consulado em Lisboa

3
5262
Parte de brasileiros repatriados de Portugal durante a Covid-19. FOTO: ABP

Elisabeth Almeida

O porta-voz do grupo de brasileiros repatriado em Lisboa acusou o vice-cônsul e outros funcionários do Consulado do Brasil em Portugal de pouco fazerem para garantir o regresso dos imigrantes ‘acampados’ na parte exterior do aeroporto, incluindo crianças, e elogiou o papel de um empresário brasileiro a quem a representação diplomática responsabilizou pelo caos que se assistiu no aeroporto Humberto Delgado.

Numa carta enviada esta sexta-feira ao jornal É@GORA, André Soncin afirma que os imigrantes que, durante cinco dias, estiveram retidos à porta do aeroporto de Lisboa debaixo “do frio, da chuva, com fome e com sede” ficaram “todos muito decepcionados com os funcionários públicos do Consulado que estiveram organizando o embarque de passageiros que compraram passagens e tiveram seus assentos garantidos no voo de repatriamento”, no dia 30 de abril.

Segundo André Soncin, “exemplo dessa ação” decepcionante ocorreu “no domingo (26 de abril) quando o vôo que sairia às 14h ficou completo. Todos os brasileiros que ficaram do lado de fora ´que de alguma maneira tentaram chamar a atenção` para que o Vice-Cônsul viesse à porta do aeroporto para dar uma palavra, uma satisfação ´seja ela qual fosse`… E o que o Vice-Cônsul fez foi sair pela porta dos fundos do aeroporto, indo certamente para sua casa”.

No documento redigido a partir do Brasil, André Soncin inocenta o presidente da Associação Brasileira em Portugal (A.B.P.), Ricardo Amaral Pessôa, de todas as acusações feitas pelo Consulado brasileiro no decurso do processo ainda não concluído visando o repatriamento de brasileiros retidos no país desde o encerramento de fronteiras por conta da pandemia do novo coronavírus.

Ricardo Amaral Pessôa é brasileiro, nascido em Minas Gerais, mas vive em Portugal há mais de 22 anos, onde montou a empresa Rap Eletrónica. Além de empresário, atua grandemente em prol dos imigrantes, trabalhando atualmente como Conselheiro junto ao Conselho Consultivo para os Assuntos da Imigração (COCAI) e Coordenador Geral do Conselho de Cidadãs e Cidadãos, cujas reuniões são feitas na Embaixada do Brasil em Lisboa.

Em comunicado emitido anteriormente, o Consulado-Geral do Brasil acusou o empresário de interferência no trabalho da representação diplomática em Portugal que “considera contraproducente o procedimento adotado” por aquele responsável “ao longo de todas as últimas semanas”.

“Ao fazer promessas vazias de contemplar nos voos de repatriamento quem não figurava nos cadastros apropriados, e ao incentivar a aglomeração de pessoas nessa situação no aeroporto de Lisboa, o sr. Ricardo Amaral Pessôa prejudicou os trabalhos do Consulado e prestou um desserviço a dezenas de nacionais brasileiros, inclusive com risco à sua saúde, num contexto em que imperam estritas restrições legais à circulação e à aglomeração de pessoas”, acusou o Consulado de Lisboa numa nota conjunta divulgada em coordenação com a Embaixada do Brasil e com os Consulados-Gerais sediados no Porto e Faro.

Reagindo, o porta-voz do grupo de brasileiros que lutou pelo repatriamento disse que o empresário Ricardo Amaral Pessôa foi, na verdade, o único representante de órgãos públicos voltados para o bem-estar do imigrante que “esteve sempre a dar apoio, hospedagem em sua própria residência e lutando ao lado dos compatriotas”.

O jornal É@GORA decidiu publicar na íntegra a carta de André Soncin, que é datada de 08 de maio de 2020, na qual elogia a prestação de Ricardo Amaral Pessôa, presidente da A. B.P., cujo nome consta na primeira página do site oficial do órgão público.

CARTA ABERTA A TODA IMPRENSA

Após dias expostos ao frio de Portugal, o imigrante André Sonci (ao centro) é recebido por familiares em São Paulo
Penso que o trabalho com a comunidade brasileira em Portugal ainda está ao meio. Ou seja, a pandemia ainda está longe de acabar. E naturalmente que muitos dos nossos COMPATRIOTAS perderão seus postos de trabalhos, terão dificuldades de cumprir com seus compromissos financeiros, causando graves problemas para toda a família. Neste momento, não vejo outra organização humanitária a trabalhar em prol da comunidade Brasileira além da A.B.P.- Associação Brasileira em Portugal e naturalmente o Conselho de Cidadãos Brasileiros junto ao Consulado do Brasil em Lisboa.

Visto que o consulado continua fechado, nem está aceitando marcações por telefone. Além do que, ficou provado que funcionários públicos “Vice- Cônsul, advogado, secretários” entre outros funcionários que estiveram no aeroporto deixaram muito a desejar no acompanhamento das centenas de brasileiros que procuravam o aeroporto para voos de repatriamento. Exemplo dessa ação, foi no domingo (26 de abril) quando o vôo que sairia às 14h ficou completo. Todos os brasileiros que ficaram do lado de fora “que de alguma maneira tentaram chamar a atenção” para que o Vice- Consul viesse a porta do aeroporto para dar uma palavra, uma satisfação “seja ela qual fosse”… E o que o Vice- Consul fez, foi sair pela porta dos fundos do aeroporto, indo certamente para sua casa.

O único que ficou com o grupo, indo buscar comida e água naquele domingo (26 de maio) foi o Presidente da Associação Brasileira em Portugal, Sr. Ricardo Amaral Pêssoa. Ele ficou com o grupo até às 18h30.
Cabe ressaltar ainda, que, todos os brasileiros que estiveram no aeroporto abandonados pelo Consulado Brasileiro, afirmam que compareceram ao aeroporto porque já estavam cadastrados no Consulado Brasileiro, então, compareceram ao aeroporto na esperança de conseguirem embarcar no sexto voo de repatriamento.

Nunca atribuímos qualquer responsabilidade ao Sr. Ricardo Amaral Pêssoa. Ficamos todos muito decepcionados com os funcionários públicos do Consulado que estiveram organizando o embarque de passageiros que compraram passagens e tiveram seus assentos garantidos no voo de repatriamento.

Enquanto cidadãos brasileiros (o grupo de adultos e crianças) abandonados do lado de fora do aeroporto ao relento, sem nenhuma explicação sobre o nosso embarque. Foram 5 dias, sendo muito duros e de muita humilhação, 5 noites dormindo na porta do aeroporto no frio, na chuva, com fome e com sede (do dia 25 de abril, aproximadamente às 20h30 até o dia 30 de abril).

Mais uma vez quero deixar claro: _ Toda a responsabilidade de termos ficado todo esse tempo no aeroporto foi única e exclusivamente do Consulado Brasileiro que nunca vieram conversar conosco. Não querendo assumir a sua responsabilidade acharam mais fácil culpar o Presidente de uma Associação que a quase duas décadas trabalham em prol dos imigrantes brasileiros em Portugal.

Sem Mais,
Atenciosamente, André Luiz Dos Passos Soncin

3 COMENTÁRIOS

  1. Concordo plenamente. O Sr Ricardo Amaral foi o responsável por me tirar dai de Portugal quando a única ação do consulado foi nos dar um pedaço de papel com um email. Nem deixar entrar no consulado deixou. Ficamos do lado de fora, no meio da rua, sem que nenhum apoio nos fosse dado. E em resposta ao email que nós orientaram a fazer, diziam que teríamos que entrar em contato diretamente com a companhia aérea. Nenhum apoio.
    Já o Sr Ricardo Amaral nos recebeu na fila do aeroporto e colocou a mim e a todos os 120 que estavam na fila, dentro do avião. E já tinha feito isto nos dias anteriores. Então, só tenho a agradecer a este senhor que foi um verdadeiro anjo para todos nós. Foi acusado de prejudicar as ações do consulado? Que ações. Somos eternamente gratos a ele. Que Deus o proteja e abençoe. Sinto orgulho de ter um brasileiro como ele por nós ai em Portugal.

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here