As viagens dos imigrantes cabo-verdianos, a segunda maior comunidade lusófona residente em Portugal, para o seu país de origem passam a estar interditas. Voos para os países europeus assinalados com a Covid-19 e para os EUA, Brasil, Senegal e Nigéria também estão proibidos.
A propagação do surto de covid-19 em Portugal obrigou o governo de Cabo Verde a reforçar o plano de contingência que vai levar, a partir de quarta-feira, 18, à suspensão de ligações aéreas entre os dois países. Esta decisão surge no âmbito da declaração de Situação de Contingência ao nível da Proteção Civil.
De acordo com uma nota do gabinete do primeiro-ministro cabo-verdiano, José Ulisses Correia e Silva, a que o jornal É@GORA teve acesso, “a situação da pandemia da Covid-19 exige de todos – cidadãos, famílias, organizações, empresas e sistema político – um forte engajamento e comprometimento”.
Com base neste cenário, José Ulisses Correia e Silva refere que o governo daquele país lusófono decidiu “interditar as ligações aéreas com Portugal e todos os países europeus assinalados com epidemia de Covid-19 e com os EUA, o Brasil, o Senegal e a Nigéria”.
Esta decisão irá ter impacto junto dos imigrantes cabo-verdianos em Portugal, avaliada em mais de 100 mil pessoas sendo a segunda maior comunidade em território português, depois da brasileira, que se vê assim limitada nas eventuais deslocações ao país de origem.
A nível económico é preciso não esquecer que Portugal continua a ser o principal investidor em Cabo Verde, o segundo destino das exportações cabo-verdianas – com um total de 116 milhões de euros de produtos e serviços em 2019, mais 12% face ao período homólogo – e o principal fornecedor do país, totalizando 380 milhões de euros no ano passado, o que traduz um crescimento de 8%.
A interdição, com efeitos a partir de amanhã, tem uma duração de três semanas. Mas a mesma nota explica que pode “ser antecipado o seu término ou prorrogada a sua vigência conforme a evolução da epidemia nesses países”.
Apesar destas medidas, o governante realça que há algumas exceções a ter em conta. “Excetuam-se da interdição, os voos cargueiros e os voos de regresso de cidadãos em férias ou em serviço em Cabo Verde aos seus países de origem ou de residência”, pode ler-se no comunicado emitido por José Ulisses Correia e Silva.
As evacuações médicas urgentes e abastecimentos de medicamentos, materiais e consumíveis hospitalares em regime de urgência serão também acautelados e assegurados em regime de voos sanitários.
O governo de Cabo Verde proíbe ainda a acostagem de navios cruzeiros e navios veleiros e o desembarque de passageiros nos portos do país.
O desembarque de tripulação que chegam aos portos de Cabo Verde em navios de carga, pesca e similares também está proibido.
Estas medidas foram decididas no âmbito do Encontro Alargado entre o Governo e a sociedade civil, que tem por objetivo envolver todos no combate ao coronavírus.
Entre os participantes nesta iniciativa estão as confissões religiosas, ONG, corpo diplomático, organismos internacionais acreditados no país, universidades, comunicação social, deputados, câmaras municipais, Polícia Nacional, Proteção Civil e a Cruz Vermelha.
Durante a apresentação deste plano de contingência, o primeiro-ministro cabo-verdiano apelou ao contributo de todos nesta luta contra a pandemia.
“Contamos com todos, cada um pode fazer a diferença. A nossa vida social não vai continuar a ser a mesma”, salientou o governante.
Em Portugal, até ao momento, o número de casos infetados com o novo coronavírus subiu para 448, mais 117 em relação a segunda-feira. No entanto, em Cabo Verde não há casos de coronavírus. (DL)