Manuel Matola
A Cáritas Portugal lançou este domingo um Peditório Público Nacional para angaria apoio direto a todas as pessoas que por alguma razão precisam de ajuda.
“Nos próximos dias 5 a 12 de março, a rede nacional Cáritas celebra a Semana Nacional Cáritas com o mote ‘O Amor que Transforma'”, diz a Cáritas Portugal em nota divulgada na sua página oficial sobre uma iniciativa que junta toda a rede Cáritas em Portugal para dar “visibilidade à ação da Cáritas no apoio direto a todas as pessoas que por alguma razão precisam de ajuda”.
Segundo a instituição, nos próximos sete dias, vão realizar-se atividades de reflexão sobre a ação social e atividades de animação pastoral em todo o país.
Para apoiar o trabalho da rede nacional Cáritas, eis os dados:
Doação online – www.caritas.pt/snc
Transferência bancária – PT50 0036 0324 99100009236 53
Multibanco – Entidade: 33333 Referência: 333 333 333
O Peditório Público Nacional vai ser feito nas ruas e online num esforço que visa ajudar a reforçar a ação da Cáritas no combate à pobreza e exclusão social em Portugal onde o número de famílias desfavorecidas tende a aumentar devido aos problemas económicos resultado da guerra na Ucrânia e dos impactos diretos da Covid-19.
Falando numa aula sobre cidadania, que deu hoje em direto na RTP, no âmbito do programa #EstudoEmCasa, dirigido aos alunos do 1.º ao 9.º anos de escolaridade, que estivem sem aulas presenciais durante a fase pandémica, o
Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, assinalou a realidade da pobreza em Portugal que ataca “um de cada cinco” cidadãos, incluindo estrangeiros, que “vivem abaixo do nível de pobreza”, pelo que apelou ao auxílio dos grupos sociais que “têm menos capacidade para resistir ao vírus” que causa a Covid-19.
Dados do Instituto Nacional de Estatística divulgados em janeiro último revelam que, no entanto, a pobreza em Portugal diminuiu em dois pontos percentuais no ano de 2021 tendo se fixado nos 16,4%.
Reagindo, a Cáritas Portugal teve uma leitura diferente do INE à s recentes estatísticas oficiais da pobreza e exclusão social em Portugal porque, considerou a instituição, “estes valores do INE podem causar alguma perplexidade”.
E exemplifica: “Em primeiro lugar, apesar do esforço louvável do INE em atualizar com celeridade as estatísticas da pobreza em Portugal, a verdade é que estas representam leituras do passado. No presente, os principais desafios económicos que se colocam às famílias portuguesas são o aumento do custo de vida, o aumento das prestações bancárias e a manutenção do emprego nas situações mais precárias. Estes desafios ainda não encontram tradução nas estatísticas, mas já se vivem na realidade diária da rede Cáritas”.
“Os rostos por detrás das estatísticas da pobreza não são imutáveis”
Acrescenta: “Em segundo lugar, estes dados baseiam-se num inquérito a alojamentos familiares. Casos de enorme fragilidade e exclusão, como as pessoas sem-abrigo, imigrantes temporários ou indivíduos institucionalizados, não são abrangidos na análise. Algumas destas situações têm ganho relevo no contexto da pandemia e não podem ser ignoradas na resposta social, mesmo que o sejam nas estatísticas oficiais”.
E, “finalmente”, refere a Cáritas Portugal, “os rostos por detrás das estatísticas da pobreza não são imutáveis. Todos os anos, muitas famílias caem numa situação de pobreza e outras conseguem emergir dessa condição. Essa mobilidade existe também numa frequência intra-anual. Os eventos que determinam a queda em situações de pobreza ou exclusão, como a perda de um emprego precário, uma alteração súbita no agregado familiar ou uma situação de doença não vêm com pré-aviso”.
É por isso que “muitas famílias que vêm ao encontro da Cáritas procuram um apoio temporário numa situação desesperada” e daí que”quando avaliadas no conjunto do ano, algumas dessas famílias não são identificadas como pobres, embora tenham precisado de um suporte pontual, precisamente para o deixarem de ser”.
Anualmente a Cáritas apoia cerca de 120 mil pessoas em atendimento social através da rede nacional das Cáritas Diocesanas e dos muitos grupos paroquiais que estão espalhados por todo o país.
A nível nacional existem dois programas de apoio à rede: Inverter a Curva da Pobreza e Prioridade às Crianças. Através destes programas a Cáritas Portuguesa reforça a ação da rede nacional na resposta a situações especificas que implicam, nomeadamente, a atribuição de vales de alimentos e bens essenciais e o pagamento de despesas urgentes relacionadas com a habitação, saúde e educação, por exemplo. No seu conjunto, em 2022 estes dois programas apoiaram mais de 7.500 pessoas e cerca de 150 crianças.
“No atual contexto podemos dizer que o desemprego, baixos rendimentos e reformas insuficientes são as principais causas que levam a solicitar apoio à rede Cáritas. As despesas relacionadas com a habitação (rendas, eletricidade, água e gás) e despesas relacionadas com a saúde são os motivos de maior fragilidade das famílias em Portugal”, assinala a instituição católica que lembra:
“O aumento do custo de vida e a sucessiva sobreposição de crises sociais desafiam também a capacidade de resposta da própria rede Cáritas que sente o aumento dos custos de gestão em contraste com um decréscimo de disponibilidade por parte dos doadores e os atrasos nas medidas com vista à sustentabilidade das respostas sociais. Apesar disto acreditamos no impacto do trabalho que realizamos e agradecemos a todos os que o tornam possível através das suas doações”. (MM)