Consultora Nutricional
Foi demonstrado em um estudo que os mamíferos demoram em média 12 segundos para evacuar incluindo nossos antepassados, os primatas. Isto significa que nosso tempo deveria estar nessa média. Se a demora é muito mais do que isso e tem muita dificuldade para evacuar, essa matéria é para você!
O que é constipação intestinal?
A constipação intestinal não é uma doença, mas, sim, um sintoma. Pode estar associado a doenças digestivas ou não, ou a distúrbios funcionais das estruturas envolvidas na evacuação, condicionados por fatores ambientais, idade, sexo e hábitos pessoais.
Refere-se a um quadro clínico caracterizado por evacuações dificultosas, seja por eliminação esporádica (menos de três vezes por semana ou a intervalos superiores a 48 horas) ou incompleta, frequentemente acompanhadas de sensação de desconforto e distensão abdominal.
A constipação intestinal pode ser secundária a distúrbios intestinais como a presença de lesões estruturais do intestino e da região anorretal, uso de medicamentos para dor, fatores psicológicos e várias doenças metabólicas e sistémicas. A alimentação pobre em fibras e baixa ingestão de água também podem causar constipação. Todavia, na maioria dos casos, a constipação intestinal é funcional ou primária, na qual não há presença de alterações anatómicas.
Seu hábito intestinal é saudável?
Nos dias de hoje, as pessoas demoram para evacuar pois conduzem consigo muitas distrações ao banheiro ao invés de colocar sua concentração apenas na tarefa principal. Fatores também como: a depressão e o hipotireoidismo descontrolado diminuem a motilidade intestinal e, consequentemente, a formação e eliminação do bolo fecal. O hábito intestinal também sofre influência do sono desajustado, mudanças na alimentação, viagens, utilização de medicamentos e estado emocional. Desta forma, é natural o “intestino soltar ou prender” ocasionalmente. Cabe avaliar como é o seu hábito intestinal na maior parte do tempo.
Frequentemente, o diagnóstico é clínico, o especialista julgará a necessidade dos exames, bem como o melhor método diagnóstico para determinar as possíveis causas da constipação.
Por que o intestino é considerado nosso ‘2º cérebro’?
Ele tem mais neurónios que a espinha dorsal e funciona independentemente do sistema nervoso central e, por isso, é digno de ser chamado de segundo cérebro pela comunidade científica. O órgão pode funcionar sozinho e, com muita autonomia, tomar suas próprias decisões, sem que o cérebro lhe diga o que fazer. Quem o “governa” é o sistema nervoso entérico (SNE), uma espécie de “filial” do sistema nervoso autónomo do corpo que tem uma vasta rede composta por milhões de neurónios e neurotransmissores. Os neurónios intestinais também têm a capacidade de produzir pelo menos 90% da serotonina (molécula do bem-estar) que é descarregada em nosso corpo.
O “segundo cérebro” abriga 70% das células do sistema imunológico. Isso, por si só, já torna o intestino a chave para combater doenças e explica porque ficamos vulneráveis a problemas comuns, como uma gripe, quando ele está desajustado.
E se os intestinos dessem pistas sobre a gravidade da covid-19?
Dois projectos portugueses irão investigar se a gravidade da manifestação da covid-19 depende dos microrganismos que habitam o intestino do doente.
“Será que os doentes com quadros mais severos de covid-19, que são encaminhados para os cuidados intensivos, têm uma população de bactérias nos intestinos (microbiota) diferente das outras pessoas? Este terá sido um dos pontos de partida para o projecto liderado por Conceição Calhau, investigadora da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa, e também para a investigação coordenada pela Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa, do Instituto Politécnico de Lisboa (IPL), em parceria com hospitais públicos e privados portugueses.
É relevante admitir que não existe um ideal de frequência, entretanto, algo entre 3 vezes ao dia até evacuar dia sim, dia não, pode ser considerado normal. No entanto, se o indivíduo fica mais de dois dias sem evacuar e ao se sentar demora muito, mesmo concentrado na tarefa, e precisa fazer força, isso pode ser sinal de constipação.
O hábito intestinal não saudável causa mau-humor por estar literalmente enfezado, a constipação pode trazer também outros problemas, como – o aparecimento de hemorroidas e até mesmo de câncer colorretal.
No intestino absorvemos praticamente tudo o que comemos, nele estão presentes grande parte das bactérias do nosso organismo, nossa microbiota intestinal. Um intestino muito ativo (solto) ou preso (constipado) pode alterar a absorção de nutrientes e a população de bactérias ali presentes, com evolução para uma disbiose e hiperpermeabilidade intestinal.
Assim sendo, o intestino perdeu parte de sua capacidade de selecionar o que pode ser absorvido pelo organismo e o que deve ser eliminado nas fezes, por conseguinte absorve substâncias indesejadas e estimula toda uma cadeia de resposta imunológica e inflamatória que está associada à diversas doenças como – obesidade, alguns tipos câncer, esteatose hepática não-alcoólica e diabetes. O hábito intestinal não saudável pode te deixar doente.
Como obter um hábito intestinal saudável?
A prática do “Exercício físico regular”- durante atividade física são liberadas algumas hormonas que estimulam a motilidade intestinal, dentre as quais a “adrenalina”- uma das mais importantes.
“Disponibilidade” – deixe seu intestino funcionar quando ele sinalizar! Pouco adianta fazer tudo da forma correta, se frequentemente for inibida a vontade de evacuar. Muito comum entre as mulheres. Qual a complicação desta atitude? Na parte final do intestino ocorre a reabsorção de água, significa que quanto mais tempo as fezes permanecerem nesta região, mais ressecadas ficarão. Por conseguinte, conclui-se que será mais difícil a evacuação.
“Apoiar os pés em um banquinho no momento da evacuação” – milhares de anos atrás a evacuação era de cócoras. No vaso sanitário ficamos na posição sentada, que faz com que a porção final do intestino, o reto, fique parcialmente ocluído pelo músculo puborretal, desta forma, dificultando a evacuação. Ao apoiar os pés e inclinar o tronco levemente para a frente, essa porção fica liberada e a evacuação facilitada.
Não utilizar medicamentos laxantes sem orientação médica, eles possuem efeitos colaterais e podem prejudicar o funcionamento do seu intestino.
O que comer para regular o segundo cérebro?
O primeiro passo para mantermos uma flora intestinal equilibrada é adoção de hábitos saudáveis, a começar por uma alimentação natural.
Alguns alimentos contribuem fortemente por serem ricos em nutrientes e propriedades que ajudam a deixar o trato digestório íntegro.
Água: Faça a ingestão de 2 litros (10 copos) ao dia.
Fibras: alimentos como feijão, soja, vegetais de folhas escuras, frutas, cereais integrais e aveia ajudam a garantir a cota necessária de fibras.
Leguminosas: feijão, lentilha, grão-de-bico, soja e ervilha.
Vegetais e legumes: dietas vegetarianas, por seu alto teor de fibras, são extremamente benéficas para o equilíbrio e a saúde da flora intestinal – (brócolos, chicória, acelga, quiabo, entre outros).
Cereais integrais: são ricos em fibras – arroz integral, aveia, chia, linhaça e granola.
Frutas: melhoram a constipação intestinal, com casca e bagaço, sempre que possível – mamão, ameixa, manga, laranja, melancia, abacate, abacaxi, uva.
Batidos de vegetais sem coar – utilizar abacaxi, laranja, cenoura, abacate, melancia, manga, tomate, couve, entre outros alimentos.
Probióticos: estimulam a multiplicação das bactérias do bem e melhoram a absorção de nutrientes em geral. Utilizados em casos de constipação, diarreia e deficiência da microbiota.
Polifenóis: alimentos como chocolate amargo (mais de 70% de cacau), uvas, amêndoas e cebola.
Atenção à sua saúde! Garanta um bom hábito intestinal com uma boa alimentação e respeite seu intestino!
Data da última revisão: 22 de Julho de 2020
Fontes consultadas:
Website oficial da Sociedade Brasileira de Motilidade Digestiva e Neurogastroenterologia – http://www.sbmdn.org.br/
http://www.cienciainforma.com.br/
https://www.publico.pt/2020/05/14/ciencia/noticia/intestinos-dessem-pistas-gravidade-covid19-1916196
materia muito boa!
Grato, caro Paulo!
Completa explicação sobre o nosso seess gundo cérebro e com os devidos esclarecimentos .
Adorei e vou prestar mais atenção do que ha venho tendo.