
(Especialista em Finanças)
Os dias tornaram-se semanas, as semanas tornaram-se meses, e continuamos em estado de emergência. Embora exista uma luz ao fundo do túnel, ninguém sabe verdadeiramente quando vai realmente terminar o efeito “Covid-19”. Para além disso, ninguém sabe quais as consequências a nível económico, assim como a nível de funcionamento da sociedade. Provavelmente muitas medidas irão permanecer para sempre, como um eterno lembrete da pandemia que assaltou o ano de 2020.
As mudanças vão acontecer, e a sociedade irá, como sempre, adaptar-se à nova realidade. Contudo, a necessidade de termos o controle pelas nossas finanças irá manter-se, melhor ainda, irá acentuar-se. Mais do que nunca temos a noção de que temos de estar preparados para não sermos apanhados de surpresa, muito menos com o “bolso furado”.
Perguntam-me: como estar preparados? A quarentena e as medidas de segurança adotadas permitiram o foco no que realmente precisamos. Muitos gastos que anteriormente considerávamos importantes, essenciais e obrigatórios perderam a relevância. Há que manter essa consciencialização, assim como o planeamento regrado das finanças. O orçamento familiar deve ser analisado semanalmente, e reajustado sempre que necessário.
E o porquê deste “sacrifício”? Porque motivo devemos nós estar focados em finanças, em poupanças e estarmos preparados? Porque sabemos que tudo tem um fim. Quando terminar a quarentena teremos direito a uma pequena recompensa. Lembrem-se que devemos poupar, mas também devemos direcionar o dinheiro para os gastos importantes. E o que mais aprendemos a valorizar durante a quarentena? A família! A nossa recompensa será, por exemplo, termos um fundo de maneio para podermos planear aquela viagem, há muito prometida, para irmos visitar os familiares. O tão esperado regresso às raízes, que passamos a vida a adiar.
O importante é criarmos uma recompensa e sabermos que “se nos portarmos bem” teremos direito a reclamá-la. Com essa vontade em mente, reajustamos o orçamento. Poupamos mais um pouquinho para podermos colocar um extra, por exemplo, para a viagem de lado. O orçamento deve conter todos os gastos fixos, e todos os gastos variáveis. Como se diz, a repetição é a mãe de todas as competências, assim sendo nunca será demais repetir a necessidade que temos de ter um orçamento ajustado à nossa realidade.
No Guia Prático da Educação Financeira, ofereço um exemplo do que deve ser contabilizado num orçamento detalhado, que poderá ajudar a preparar uma folha de cálculo que permita automaticamente analisar as vossas finanças. Sugiro que essa folha tenha gráficos, porque quando vemos a curva de gastos a subir exponencialmente apanhamos um susto e imediatamente começamos a reajustar os nossos hábitos. Gráficos e cores, ajudam a controlar o orçamento visto darem-nos uma imagem visual imediata de como estão as nossas finanças.
Foco, sacríficio, benefício. São palavras que devemos manter bem presentes na nossa realidade, seja em tempos de Covid, seja em qualquer altura.
E devemos sempre lembrar que seja qual o mundo em que vivermos haverá sempre a necessidade de trocar bens e serviços. A essa troca podemos apelidar de finanças. Ou seja, temos que estar sempre preparados para saber lidar com as nossas finanças.
Para terminar, peço-vos que sejam conscientes e apenas saiam de casa para o essencial. Mantenham as distâncias de segurança, lavem as mãos por mais de vinte segundos. Evitem tocar em superfícies enquanto estiveram na rua e evitem também levar as mãos à face. Cuidem de vocês, para estarem em condições de cuidar dos outros. (X)