Manuel Matola
A Comunidade Afegã em Portugal solicitou hoje à Justiça portuguesa que considere a aplicação da “pena máxima” ao cidadão afegão que matou à facada duas mulheres e feriu uma terceira pessoa que trabalha para as comunidades de refugiados na Comunidade Ismaelita em Lisboa, “num ato brutal e criminoso” que os membros daquela agremiação classificam de "crime grave contra a humanidade".
"Em nome da comunidade afegã em Portugal, a Associação Afegã em Lisboa condena este ato brutal e criminoso em termos fortes e considera este ato como um crime grave contra a humanidade e as normas sociais da sociedade pacífica de Portugal. Sob nenhuma circunstância, tais atos violentos e criminosos seriam aceitáveis pela comunidade afegã em Portugal e pelas sociedades pacíficas de Portugal".
Em nota enviada ao jornal É@GORA, a Associação Afegã em Lisboa diz que "a comunidade afegã em Portugal está profundamente chocada e entristecida" pelo incidente que ocorreu hoje no Centro Ismaili em Lisboa e pedem que "este incidente seja investigado completamente e em detalhes e que os resultados sejam compartilhados com o público em geral, que tem o direito de conhecer os detalhes relevantes".
Condenando o crime ocorrido na manhã desta terça-feira em Lisboa,a Comunidade afegã apelou à sociedade portuguesa para separar as águas fazendo uma análise justa da situação que resultou na morte de uma professora de inglês e de outra colega do agressor.
"Os atos criminosos são decisões e responsabilidades individualizadas e pessoais de indivíduos e não devem ser generalizados para uma comunidade de pessoas", daí que "aproveitamos a oportunidade para solicitar ao sistema judicial do governo português que considere a pena máxima para o agressor com base nas leis e regulamentos judiciais do país", lê-se na nota de repúdio da comunidade afegã.
"Em nome da comunidade afegã em Portugal, a Associação Afegã em Lisboa condena este ato brutal e criminoso em termos fortes e considera este ato como um crime grave contra a humanidade e as normas sociais da sociedade pacífica de Portugal. Sob nenhuma circunstância, tais atos violentos e criminosos seriam aceitáveis pela comunidade afegã em Portugal e pelas sociedades pacíficas de Portugal", diz a agremiação lembrando o percurso histórico da imigração dos afegãos no território português.
"Os afegãos vivem em Portugal há muitos anos e sempre se esforçaram para ser os residentes mais responsáveis, eficientes e responsáveis desta comunidade. Tendo as experiências dolorosas e traumáticas de violência que resultaram na perda de seus próprios membros da família e entes queridos no passado, os afegãos que vivem em Portugal, em sua totalidade, são contra a violência e qualquer ato que seja considerado prejudicial e intolerante para outros membros da comunidade, que possa resultar em perturbação e destruição de seus vizinhos e membros da comunidade".
E porque mantém confiança na justiça portuguesa, os migrantes afegãos lançam um apelo para uma convivência pacífica expressando "as mais profundas condolências e simpatia às famílias das vítimas" e oração "pelas almas dos falecidos para descansarem em paz e rápida recuperação para os feridos".
E concluem: "Acreditamos fortemente em uma comunidade forte e pacífica onde todos possam viver em paz e harmonia, independentemente de suas diferenças de raça, cor, etnia e/ou idioma, e é nossa responsabilidade humana, social e religiosa participar na prosperidade, progresso e desenvolvimento de nossas sociedades e lugares onde vivemos".
Na manhã desta terça-feira, o cidadão afegão refugiado em Portugal, munido de uma “faca de grandes dimensões”, entrou no Centro Ismaili em Lisboa matou duas colegas de 24 s 49 anos e feriu várias outras pessoas.
O agressor foi atingido a tiro depois de desobedecer uma orientação das autoridades policiais que atiram contra o cidadão afegão que agora se encontra hospitalizado.
Desconhece-se para já as motivações do ataque.
Falando à CNN, Omed Taeri, presidente da Associação da comunidade afegã em Portugal, disse que o “homem tinha problemas psicológicos”, eventualmente após “perder a mulher que morreu num centro de refugiados na Grécia”.
Segundo Omed Taeri, o mesmo homem e as suas três filhas menores pertencem a grupo de famílias afegãs que chegaram no último ano.
“A última vez que nos comunicou” disse que “não sabia” onde iria deixar as filhas menores, contou o responsável pela Associação da comunidade afegã em Portugal. (MM)