Manuel Matola
O deputado do PAICV pelo Círculo Eleitoral da Europa e Resto do Mundo, Francisco Pereira, defende a criação de “um Fundo de Emergência direcionado à diáspora” cabo-verdiana que está a ser “fortemente” atingida “em todas latitudes” pela Covid-19, que já provocou a morte de nacionais em países como “Portugal, França, Holanda” e “Estados Unidos, particularmente, na cidade de Brockton”.
“Cabo Verde, enquanto Nação Global, tem sido profundamente afetado com a evolução da pandemia Covid-19”, alerta o deputado do PAICV na diáspora, Francisco Pereira, numa mensagem endereçada aos cabo-verdianos no estrangeiro onde “vivem esta provação global de forma dupla e ambivalente, porquanto estão sob as pressões nos países de acolhimento, e sob a angústia do Covid-19 que, agora, também assola Cabo Verde”, atualmente com 122 casos positivos.
“Infelizmente já perdemos conterrâneos em diversos países de acolhimento, mormente Portugal, França, Holanda, Estados Unidos, particularmente, na cidade de Brockton”, afirma.
Francisco Pereira, que é igualmente Secretário Adjunto para Relações Externas e Diáspora, exorta o executivo cabo-verdiano a “encarar a DIÁSPORA como elemento dorsal e estratégico na formulação de políticas publicas híbridas e globais” para fazer face à crise pandémica.
Na carta, o representante da diáspora na Assembleia Nacional denuncia ainda a situação de cidadãos cabo-verdianos “a viver em condições de precariedade” no exterior, por isso apela: “É preciso não esquecer que, hoje, temos cabo-verdianos na emigração que estão a passar por dificuldades. Temos muitos estudantes não bolseiros, que estão confinados em casa, sem ou com escassos recursos de sobrevivência. Temos muitos cabo-verdianos que estão em situação irregular…logo privados de alguns direitos. Temos cabo-verdianos desempregados a viver em condições de precariedade”.
“Considerando o ideário da Nação Global”, o parlamentar entende que “o Governo deveria abranger a diáspora nalgumas das medidas que têm sido cogitadas e implementadas em Cabo Verde, no âmbito desta pandemia. O Governo não pode deixar de considerar as nossas comunidades emigradas espalhadas pelo mundo como uma prioridade tanto da sua política externa como da sua política interna”.
Reconhecendo que neste momento “complexo e desafiante”, importa ter “um novo olhar político” sobre a situação da diáspora, Francisco Pereira considera que definir uma “prioridade alargada à diáspora neste tempo emergencial é um Imperativo Nacional”.
“Essas premissas demonstram o quão é importante encarar a DIÁSPORA como elemento dorsal e estratégico na formulação de políticas publicas híbridas e globais em prol daqueles que vivem na nossa 11ª Ilha”, lê-se na missiva.
Apesar do “Espírito de Solidariedade e um grande Amor à Terra” que tem sido demonstrado pelos cabo-verdianos dentro e fora do país, “impõe-se que as autoridades reconheçam que esta SOLIDARIEDADE deve ser global, recíproca e interativa, não podendo os emigrantes ser esquecidos quando em situações de dificuldade”, lembra.
“Pese embora esta situação, os nossos emigrantes têm demonstrado, como sempre, um grande Espírito de Solidariedade e um grande Amor à Terra. Estão, pois na linha da frente de uma grande mobilização e solidariedade, enviando remessas para apoiar Cabo Verde, para apoiar as famílias e as comunidades, particularmente onde nasceram”, refere.
Francisco Pereira assinala ainda “os apoios que chegam da Diáspora (e que) têm dado um contributo enorme”, além de ajudar a complementar “o esforço do Governo, das Câmaras Municipais, que com recursos próprios, com o apoio dos empresários e a mobilização das comunidades, têm estado a apoiar as famílias mais necessitadas com produtos alimentares para atravessar este período de confinamento com menos dificuldades”.
“Portanto, fica aqui o nosso profundo reconhecimento e agradecimento por tudo aquilo que têm feito em prol desta Nação Global”, diz reconhecendo “a firme solidariedade a todos aqueles que direta ou indiretamente foram atingidos por este novo Coranavirus, na certeza de que não faltará a nenhum cabo-verdiano luz que “indique as valências da coragem, da resiliência e da esperança” de “que tudo vai ficar bem”. (MM)