O ministro da Saúde de Moçambique, Armindo Tiago, anunciou hoje que um médico moçambicano imigrante em Espanha é oficialmente o primeiro caso positivo de Covid-19 do país, 24 horas depois de o Presidente da República, Filipe Nyusi, ter garantido que não havia nenhum caso suspeito na diáspora.
Num discurso à Nação, o chefe de Estado moçambicano afirmou que o Governo acompanha “atentamente o estado de saúde dos moçambicanos na diáspora” onde “felizmente, até ao momento”, não se registou “nenhum caso suspeito”.
Mas falando hoje, sábado, aos jornalistas em Pemba, na província de Cabo Delgado, norte do país, o ministro da Saúde moçambicano disse que as autoridades receberam através da embaixada da Espanha a informação de que há um cidadão moçambicano “que é residente e trabalha na Espanha” que está infetado com coronavírus.
“É médico de profissão e esse cidadão moçambicano foi diagnosticado e está no hospital a receber cuidados relativos à situação do coronavírus. Este caso não deve ser confundido com um caso em Moçambique. É um caso registado na Espanha”, disse Armindo Tiago.
A região de Madrid é o epicentro da crise em Espanha, país que contabiliza agora mais de cinco mil casos e 176 mortes nas últimas 24 horas.
Na sexta-feira, o chefe de Estado moçambicano elogiou a “forma serena e ordeira” como a população moçambicana dentro e fora do pais “tem vindo a encarar esta pandemia de carácter global”.
Moçambique não sabe quantos cidadãos residem no estrangeiro, pelo que, em fevereiro, o governo moçambicano lançou um processo de “mapeamento global” para criação de um banco de dados da diáspora com “informação mais exaustiva possível” dos que residem no exterior, visando envolve-los, através de “mecanismos legais”, na participação do desenvolvimento do país quando solicitados.
A iniciativa do mapeamento e da criação de um banco de dados da diáspora moçambicana provém do Chefe de Estado, Filipe Nyusi, e insere-se nas atividades dos primeiros 100 dias do governo, que foram recentemente aprovadas pelo Conselho de Ministros de Moçambique.
Até sábado, o Instituto Nacional de Saúde de Moçambique testou 42 pessoas “e todas elas foram negativas”, garantiu o ministro da Saúde, que destacou as medidas de prevenção que estão a ser adotadas pelos organismos públicos e privados do país.
“Estamos felizes. Se nós formos a maior parte das instituições, as medidas estão a ser implementadas”, disse.
Para Armindo Tiago, “é fundamental que cada moçambicano sem cor partidária, sem religião faça o seu papel na prevenção do coronavírus”, até porque “informações não oficiais veiculadas por pessoas não oficiais não ajuda no processo de resolução do coronavírus”.
“A desinformação é prejudicial, cria pânico e deve ser de todas as formas não incentivada”, apelou o governante.
O Ministério da Saúde de Moçambique garantiu que os diferentes hospitais públicos do país têm 24 ventiladores que são funcionais, mas na sexta-feira foram descarregados no porto de Maputo mais dez ventiladores adicionais que vão ser distribuídos para os hospitais que neste momento não têm ventiladores.
“É preciso dizer que uma vez que nós estabelecemos uma parceria com o setor privado também existe ventiladores no sistema privado que, na eventualidade de eclosão, poderão ser usados para a mesma finalidade de salvar vidas”, afirmou Armindo Tiago.
Segundo o titular da pasta da Saúde assegurou que Moçambique tem “quantidades suficientes” de medicamentos para síndromes gripais, pelo que “existem condições para tratar até três mil doentes”.
E mais: “O diagnóstico de coronavírus está disponível em todas as unidades sanitárias do país e, obviamente, as condições para o isolamento estas são específicas, sobretudo, para as capitais provinciais e para alguns distritos”, adiantou. (MM)