(Consultora de Imagem)
O dia 8 de Março foi oficializado pela ONU em 1975, na sequência de uma manifestação de mulheres a reivindicar por melhores condições de trabalho e de vida, na Rússia, em 1917. Mas anteriormente, em 1908, houve uma greve de mulheres que trabalhavam numa fábrica de confecção de camisas chamada Triangle Shirtwaist Company, em Nova Iorque. Estas operárias trabalhavam cerca de 14 horas diárias em péssimas condições e recebiam apenas entre 6 a 10 dólares por semana. Reivindicavam por melhores condições de trabalho e igualdade salarial, uma vez que os homens recebiam mais.
Esse movimento deu origem a criação de uma nova lei que garantisse melhores condições para mulheres no mercado laboral.
A moda tanto esteve presente nesse fenómeno, uma vez que se tratava de uma fábrica de t-shirts, como hoje podemos beneficiar de diferentes modelos de roupas que não só respeitam o nosso estilo, nossos gostos, como também as nossas necessidades como o conforto, a praticidade e mobilidade. Tudo isso foi possível graças a algumas mulheres que revolucionaram o mundo da moda tanto na confecção de peças como pela representatividade.
Vejamos alguns exemplos
Ann Cole Lowe
Uma afro americana, nascida em Alabama (EUA), que aprendeu a costurar com a sua mãe, vestiu várias pessoas da alta sociedade e, inclusive fez o vestido de noiva de Jacqueline Kennedy, a primeira dama americana de 1961 a 1963. Apesar do racismo a ter impedido de ter os seus trabalhos reconhecidos, foi a primeira mulher negra a ter uma loja na famosa Madison Avenue, deixando assim um legado de representatividade no meio de uma indústria predominantemente branca.
Gabriel (Coco) Chanel
Com a sua marca fundada em 1910, foi pioneira em mudar o vestuário, mudando o corte feminino (vestidos armados, folhados e rodados) por modelagens mais masculinas e práticas. Aliou a elegância, o conforto e a simplicidade. Chanel foi também a primeira estilista a lançar um perfume, o Chanel nº5.
Mary Quant
Uma estilista do Reino Unido que fez da minissaia a sua imagem de marca. Trazendo o conceito de que a mulher podia usar o que quisesse. Este movimento teve muita resistência na altura pelo choque social que causou, mas Mary Quant acabou por ser condecorada como Oficial da Ordem do Império Britânico pela Rainha Elizabeth II, em 1966. Mary Quant também criou as Hot Pants para serem usadas por baixo das saias mais transparentes. Um verdadeiro movimento de empoderamento.
Diane Von Furstenberg
Uma estilista norte americana responsável por criar o vestido estilo envelope (Wrap Dress) em 1974, uma peça conhecida por favorecer os diferentes biótipos. Além de bastante confortável, é também muito feminino.
Zelda Wynn Valdes
Uma afro americana vista como pioneira da moda que, apesar de ter iniciado a sua carreira numa era marcada pela segregação social, foi a primeira estilista negra a abrir uma loja na Broadway (NY) em 1948 e no ano seguinte tornou-se a presidente da NAFAD – Associação Nacional de Designers de Moda e Acessórios. Ficou conhecida por suas roupas sensuais que marcavam a silhueta e destacavam o quadril, estilo sereia, e por isso foi convidada a criar os primeiros looks da Playboy em 1960.
Elsa Schiaparelli
A estilista italiana, excêntrica, que criou o rosa choque, peças fora do normal e exóticas. Ficou conhecida por misturar a moda e a arte, pois contratava artistas plástico para ajudarem a criar acessórios e tecidos. As suas peças apresentavam cores, estampas e bordados únicos devido a estas parcerias.
Vivienne Westwood
A criativa estilista inglesa foi responsável por introduzir o estilo Punk e New Wave, podemos verificar essas influências ainda hoje nas peças como corpetes e plataformas. Vivianne se inspirava em pessoas de classe social mais vulnerável.
Miuccia Prada
Neta mais nova do fundador da Prada, a estilista italiana é responsável por trazer o feminismo para a ordem do dia no mundo da moda. Transformou a marca apenas com tecidos em pele e mostrou como uma mulher pode realizar grandes transformações no mundo dos negócios.
Estas são apenas alguns exemplos, de entre muitas mulheres, que transformaram e impulsionaram o mundo da moda para aquilo que é atualmente. Umas mais conhecidas do que outros e muitas vezes ficamos apenas pelos nomes e pela fama que têm, ignorando, na maior parte inconscientemente, da sua importância nas escolhas que podemos fazer hoje de forma livre sobre as peças que queremos e podemos vestir. Peças essas que inicialmente tiveram muita resistência mas que garantem um lugar para cada uma de nós tanto como consumidoras como também na sua produção.
Que comemoremos o Dia da Mulher muito além do superficial, mas sim de forma consciente e com orgulho de um (ou vários) espaço(s) conquistado(s) com muita bravura por mulheres inspiradoras. Feliz Dia Internacional das Mulheres! (X)