“Eu vivo da música” – Liriany Castro, cabeça de cartaz do MISS CPLP 2022

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Liriany, artista angolana. FOTO: Milionario Records ©

A cantora angolana Liriany Castro é cabeça de cartaz da 6ª edição do Concurso de Beleza Lusófona – MISS CPLP 2022. Na véspera da Gala de eleição da mais bela mulher lusófona que se realiza no dia 26 de março, no Capitólio de Lisboa, capital portuguesa, o jornal É@GORA entrevistou a artista que anuncia a estreia de uma nova música no evento de sábado, fala do presente e futuro da sua carreira e da internacionalização da Kizomba num ano em que “vêm músicas novas” do próximo seu álbum. Em tempos de incertezas devido à Covid-19, Liriany garante que hoje vive só da música e revela qual o segredo do sucesso e como tem conseguido ter um estilo de vida saudável e financeiramente estável. Há três caraterísticas que considera que qualquer artista deve ter para obter sucesso: “Disciplina. Foco. Determinação”, um princípio que a própria artista segue à risca de tal forma que assegura: “Eu posso dizer que tendo uma carreira bem gerida já se pode viver de música”. Confira a conversa:

A Liriany vai participar do Miss CPLP. O que as pessoas podem esperar?

Estou muito ansiosa para o evento. Vai ser a segunda vez que participo numa gala em Portugal. Espero fazer um ótimo show e que todo o mundo goste.

Há novidades?

Há sim. Vêm músicas novas. A música “Já não és o mesmo”, “Mais Empatia”, “Minha Luz”. Mas a ideia neste evento é trazer uma música nova para as pessoas poderem conhecer.

Quer desenvolver um bocado sobre esta música?

A música fala mais sobre a empatia no sentido de elevar outras mulheres, porque é uma coisa que eu sinto falta: a solidariedade entre as mulheres. Então, o apelo ao amor ao próximo, ao respeito é bem servido nessa música. Espero que as pessoas alcancem a ideia que eu quero passar.

Essa mensagem que quer passar parte de uma reflexão. O que é que estará a falhar na sua opinião?

Quando surge a Covid-19 as pessoas viveram praticamente sobre o mundo digital e foi neste palco que aconteceram muitas coisas: críticas, vaias, muitos posicionamentos de mulheres contra mulheres. Acho isso completamente inútil porque sendo uma geração de jovens mulheres devíamos é fazer diferente e dar continuidade à luta de mulheres ícones como Oprah [Winfrey] e outras deram desde muito cedo. A rivalidade não traz nenhum benefício, então precisamos de ter empatia, respeito e solidariedade.

Recentemente, houve uma troca de palavras entre a Eva RapDiva e uma colega vossa. Isso que está a dizer reflete aquilo que está a acontecer em Angola?

Por acaso não acompanhei de perto e não tenho muito a oferecer sobre este assunto. Mas acho que cada pessoa sabe de si e os posicionamentos que os vai ferir. Mas em relação a esse tipo de posicionamento é bem diferente de pensar só na empatia. Acho que é um posicionamento que cada um vai tomando em função da educação enquanto pessoal, artista e ser social.

Qual é o posicionamento que tem em relação a esse tipo de eventos.

Acho que este Miss CPLP que é o primeiro que se vai realizar depois da pandemia é um grande desafio e uma forma de não deixar morrer os sonhos dos participantes deste concurso, porque nós que fazemos e contribuímos para a cultura alimentamos sonhos e realizamos artes que ficam aí incubadas e sem serem notas. Acho que é um bem haja este tipo de atividade porque permite que a cultura não morra e que os trabalhos que estiveram parados antes da pandemia sejam concretizados com excelência.

Disse que tem esta música nova. Há outras novidades que queira avançar em relação àquilo que vai ser o ano 2022?

2022 é um ano de muitos desafios: tenciono fazer o meu grande show cá. A apresentação do meu álbum será em setembro, em Lisboa e no Porto. O single e outras três músicas será uma prenda de Natal, ou seja, as músicas “Mais Empatia” e “Minha Luz” vão dar sequência às músicas do álbum que sai este ano no Verão. Então, 2022 é um ano em que trago muita coisa em volta de uma linha mais madura, mais artista e mais autêntica.

E haverá participação de músicos lusófonos olhando até para o facto de estarmos a falar da CPLP?

Terá, mas não vou citar porque acho que o suspense vai valer a pena, mas trago nomes muito sonantes da música dos Palop.

A Liriany tem uma relação próxima a esse tipo de eventos – o Miss CPLP – pela exposição e percurso que tem enquanto artista. Qual é a mensagem que pode passar às próprias concorrentes?

Acho que a base de tudo para qualquer ser humano quer seja artista ou não é a educação. Então, apesar de termos sonhos a nossa base educacional deve ser bem patente para que não nos percamos no mundo da fama e de ilusões. Então, não só para as miss mas também para todas as mulheres tenham em conta de que vocês precisam ter uma base sólida para seguirem o vosso caminho e a vossa trajetória de vida. O cronograma do dia deve ser bem cumprido (quer no campo de) estudos, a vida conjugal. É preciso ter bem patente sobre aquilo que se pretende na vida. A educação é muito importante, quer seja a de casa e a da escola.

E tem de haver empatia?

Exatamente: empatia e muita união. Não tenham rivalidades porque isso não leva a lado nenhum. Se se unirem serão mais fortes e aprenderão muito mais.

Fala do lançamento do álbum em Portugal. Como é que olha para a forma como a música angolana tem sido promovida em Portugal por onde entrou quer o Kuduro, a Kizomba e o Semba. Como é que está a ser essa promoção da Kizomba a partir de Portugal?

Acho que a porta mais viável para internacionalizar as carreiras dos artistas angolanos tem sido mesmo Portugal, que tem sido a base – também porque a língua é a mesma. Do meu ponto de vista, apesar de ter pouco tempo de carreira, vejo que o mercado Palop tem dado audiência ao estilo africano. Acho que é uma boa oportunidade de trazermos a nossa cultura sem nos desvincularmos daquilo que é a nossa identidade, aquilo que nós somos. Acho que é importante trazermos na nossa música a nossa identidade para não perdermos a essência de sermos africanos. Então, nesse momento observo a música africana como este abraço que tem havido de Portugal e da Europa em si. Acho que é uma boa oportunidade de se trabalhar na africanidade a nível da música: unir os músicos de origem africana. É uma oportunidade de fazermos a nossa cultura ser ouvida e vista.

E como é que isso se faz com aquilo que estava a referir há pouco: a eventual desunião entre os músicos?

Acho que tudo que é movido pelo sentimento e pela arte tem o poder de apaziguar as situações.

Olhando para a forma como a música angolana e africana, no geral, tem sido promovida, há necessidade de tornar a Kizomba num património mundial?

Eu vejo que a Kizomba já tem tido este posicionamento, porque tem sido o estilo de base de grandes hits internacionais. Artistas angolanos como eu, o C4 Pedro, o cabo-verdiano Nelson Freitas têm dado palco e voz à Kizomba de uma maneira tão abrangente que acaba por predominar certos ritmos que têm como base a nossa origem, a nossa instrumentalização que é Kizomba. Para quem entende de música e de produção consegue perceber que a base de certos ritmos é a Kizomba de raiz. Então o nosso estilo já tem as portas abertas. Só precisa que nós, os proprietários do estilo, consigamos fazer mais e unirmos outros nomes à nossa musicalidade.

E temos conseguido de forma robusta ter sucesso e rendimento?

Sim. Eu posso dizer que tendo uma carreira bem gerida já se pode viver de música. Há muito tempo que já se pode viver mas há outros aparatos que vão distorcendo um bocadinho essa situação. Mas a música rende, sim, permitindo um estilo de vida saudável e financeiramente estável.

E a Liriany é o exemplo?

Eu vivo da música. Não vivo de outra coisa.

Então o que está a falhar noutras pessoas – é claro que não vai falar por elas -, mas por aquilo que observa…

Eu não sei falar dos outros porque eu não conheço as suas rotinas nem os focos que têm, mas na minha ótica o que me faz ter a base estável financeira e socialmente é a minha disciplina. Tenho muita disciplina nas coisas que eu quero. Para mim se é sim é sim, não é não. Eu trabalho dentro do foco da minha carreira e quando saio dos eixos procuro pessoas de direito para me orientarem e fazer com que eu siga a minha carreira de forma profissional.

Quais são os três pontos que qualquer artista deve ter em atenção, olhando para o que acaba de dizer?

Disciplina. Foco. Determinação. (MM)

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