Manuel Matola
Os imigrantes em Portugal pediram hoje uma reunião com “extrema urgência” com o governo português por causa do “sistema de agendamento que não funciona” e lançaram um novo grito de socorro ao primeiro-ministro e ao ministro da Administração Interna: “Precisamos ser ouvidos”.
Numa carta de solicitação do encontro, a que o jornal É@GORA teve acesso, a Comissão dos Imigrantes em Portugal para a Liberação da Residência, liderada por Juliet Cristino, diz: “estamos desesperados, longe dos nossos familiares” e a ter “uma vida miserável por causa da falta da autorização de residência”.
Duas semanas após realizarem manifestação contra os alegados “esquemas de corrupção” que se assiste no processo de agendamento no SEF, envolvendo até advogados e pessoas singulares, os imigrantes lembram às autoridades portuguesas que estão a passar “por uma situação muito difícil” o que causa agonia.
“Pedimos, por favor e com extrema urgência, uma reunião para resolver as nossas reivindicações”, escrevem os imigrantes na carta assinada por representantes da Comissão dos Imigrantes em Portugal para a Liberação da Residência de todos os distritos do Norte a Sul de Portugal.
Lembrando que a falta da autorização de residência causa “uma vida miserável”, pois há “pessoas à espera dois, ou três anos” por este documento que permite residir em Portugal, os imigrantes assinalam “mesmo sem direitos”, têm um papel preponderante para o desenvolvimento do país, pois faze parte da força de trabalho que é “fundamental para Portugal”.
“Contribuímos com o país, ajudamos o país a crescer com nosso trabalho, não queremos os trabalhos dos portugueses, somos as pessoas que sujeita aos piores trabalhos, esses que os portugueses não querem. Declaramos IRS, pagamos segurança social, e até o momento estamos desprezados pelo estado, temos deveres e nada de direitos”, referem na missiva enviada ao chefe do governo português, António Costa, e a Eduardo Cabrita, ministro com a pasta da Administração Interna que tutela o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF).
Este é mais um pedido que os imigrantes fazem ao governo de Portugal. Anteriormente, várias associações pró-imigrantes solicitaram reuniões, em separado, com o primeiro-ministro português, António Costa, e com o ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, para lançarem o “grito de socorro” em relação aos atrasos no agendamento no SEF. Pelo silêncio, realizaram uma manifestação no dia 11 de julho.
“Enviamos vários e-mails pedindo uma reunião. No entanto até a data de hoje ninguém entrou em contato connosco para agendar a reunião. Precisamos que analisem as nossas reivindicações com urgência, isso que estamos passando chega ser desumano. Ajudamos o país, e precisamos também que nos ajudem”, consideram.
Na altura, o chefe do governo português remeteu o caso ao SEF, enquanto o gabinete de Eduardo Cabrita disse ter encaminhado a solicitação dos organizadores do protesto ao próprio titular da pasta da Administração Interna que responde pelo pelouro da imigração em Portugal. Até hoje, não houve uma solução.
Na carta enviada anteriormente enviada aos dois governantes por Juliet Cristino, membro da Comissão dos Imigrantes em Portugal para a Liberação da Residência, os imigrantes clamavam por uma resposta urgente, afirmando não saberem o que é pior: “se é a Covid-19 ou esse desespero para conseguir agendamento no SEF”, isso porque os imigrantes estão a passar “por momentos muito difíceis sem Residência”, quando “todos já têm a manifestação de interesse” e não conhecem nenhum desfecho dos processos.
Hoje, voltam a lembrar o impacto deste silêncio e da falta de uma solução.
“Sem autorização de residência não conseguimos fazer nada no país, para tudo precisa da autorização de residência, precisamos de uma reunião urgente para tratar das reivindicações dos imigrantes. Temos ideias para ajudar melhorar o sistema das autorizações de residência. Precisamos ser ouvidos. O que estamos vivendo neste país, é muito humilhante e desesperador”. (MM)