Oliver Quinto
Para além da tragédia quantificável do número de mortes resultantes da pandemia do Covid-19, há toda uma geração de crianças que se viram física e mentalmente isoladas nesses pouco mais de dois anos. Busca-se a recuperação das aprendizagens perdidas por causa dos fechos das escolas, mas como quantificar ou qualificar o que foi retirado dos miúdos nos anos em que deviam estar a correr mundo afora, a saciar curiosidades, a rumar por novas descobertas? Essas crianças serão o grupo mais fustigado pela pandemia, a médio e longo prazo, afectadas pelos dois grandes períodos de encerramento das escolas.
Entre 2020 e 2021, os alunos portugueses foram, no contexto da União Europeia, os que estiveram obrigados a permanecer mais tempo em casa – 96 dias no caso dos jardins-de-infância, 87 dias no 1.º ciclo e 92 dias no 3.º ciclo e secundário, segundo um levantamento feito pela OCDE. Logo após o primeiro confinamento generalizado, um estudo realizado pelo Centro de Economia da Educação da Faculdade de Economia da Universidade de Lisboa tinha já previsto que a recuperação das aprendizagens poderia demorar “dois a mais períodos escolares”. Depois disso, as escolas voltariam a fechar, entre 21 de Janeiro e 8 de Fevereiro do ano passado, isto sem contar com o recente prolongamento das férias de Natal por mais uma semana.
Em meio a uma campanha eleitoral com vistas para Portugal de hoje, por vezes demais o país esquece o que as crianças perderam e que jamais tornarão a recuperar.