Legislativas-2019: Luso-angolano que encabeça a lista do PSD em Setúbal defende legalização célere dos imigrantes

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O luso-angolano Nuno Carvalho, de 37 anos, é o cabeça de lista do PSD pelo círculo de Setúbal

Nuno Carvalho é um jovem luso-angolano que aos 14 anos de idade começou a sua militância na Juventude Social Democrata (JSD) e, hoje, aos 37 anos, surge como cabeça de lista pelo círculo eleitoral de Setúbal, no âmbito do processo de renovação e rejuvenescimento encetado pela principal força política da oposição em Portugal, liderada por Rui Rio: o Partido Social Democrata (PSD).

“Quando me foi feito o convite naturalmente que fiquei muito satisfeito por poder também ajudar a representar essa renovação”, diz em entrevista ao jornal É@GORA o luso-angolano que encabeça a lista do PSD em Setúbal visando às eleições legislativas de outubro próximo.

Esta renovação, explica, tem um duplo sentido, não só pela idade mas também porque, tendo tido sempre participação política, nunca exerceu nenhuma função exclusiva neste domínio.

Como empresário ligado à área da petroquímica, Nuno Carvalho trabalha com vários países, entre os quais os Emirados Árabes Unidos, França, Espanha, Angola e Moçambique.

A sua experiência profissional tem permitido este contacto com o mundo e perceber a imagem que Portugal tem além fronteiras, pelos laços que vem estabelecendo com vários países e parceiros.

“Isso permitiu-me perceber como é que nós podemos potenciar essas relações não só do ponto de vista económico, mas também do ponto de vista social e cultural”, diz.

O candidato revela que quer colocar estas vivências ao serviço da sua prática política, pelo prestígio que Portugal tem lá fora.

“Quando vamos a alguns países, como Angola e Moçambique, vê-se que ainda há muito por aproveitar, porque, para além da ligação cultural, afetiva e histórica, Portugal também consegue ter uma imagem de qualidade. E isso não acontece em todo o lado nem em todos os mercado”, considera.

Na perspetiva de Nuno Carvalho, isso deve ser potenciado, abrindo também Portugal a estes mercados para que eles também se possam potenciar e para que esta troca que existe seja duplamente benéfica.

Por outro lado, o nosso entrevistado olha para o universo dos países de língua portuguesa com capacidade para se transformarem numa força conjunta no mercado global, não só no plano económico.

E como Portugal precisa de mais imigrantes “como do pão para a boca”, para inverter a tendência de quebra de natalidade com que o país se confronta há já alguns anos, é preciso atrair famílias jovens porque cada vez mais nascem menos pessoas, defende Nuno Carvalho.

O cabeça de lista do Partido Social Democrata (PSD) pelo círculo de Setúbal é por mais inclusão e pela representatividade baseada no mérito.

Nuno Carvalho lembra que Portugal tem sérios problemas da baixa natalidade, pelo que deve recorrer à imigração.
“Nós somos um país que acolhe muito bem e consegue oferecer oportunidades para que as pessoas consigam viver aqui”, garante o candidato em entrevista ao Jornal É@GORA à margem de uma visita a algumas das freguesias do concelho de Setúbal em fase de pré-campanha para as legislativas marcadas para 6 de outubro.

“Somos um país seguro, que tem imenso potencial do ponto de vista económico, excelente para qualquer família vinda de outro país que queira cá residir”, assegura. “Cada vez menos pessoas estão a nascer”, recorda. “Há cada vez mais pessoas na idade da reforma e cada vez menos pessoas a trabalhar. Temos que inverter este cenário”, apela.

Para resolver o problema da natalidade, o candidato diz que Portugal precisa de famílias jovens para contrapor a tendência de estagnação do crescimento populacional que leva à desertificação de algumas regiões. A quebra da natalidade, avisa, pode vir a representar 10 ou 20 ´troikas` no futuro.

“Nós temos cidades que estão sub-dimensionadas porque são demasiado grandes para o número de pessoas que temos. Arriscamos daqui por algumas décadas a ter Portugal com seis milhões de habitantes”.

Nuno Carvalho, cidadão português de origem angolana, junta o alerta a um outro apelo. Concorda que os procedimentos para a legalização dos imigrantes deve ser mais célere.

“O processo de legalização em Portugal, infelizmente, tem o mesmo problema que têm muitos serviços do Estado», afirma, criticando de antemão os processos longos e muito burocráticos para receber imigrantes.

Lamenta que para tirar o cartão de cidadão ou para requerer o título de residência em Portugal os requerentes estejam sujeitos a longas demoras.

“O Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) também debate-se com a falta de recursos humanos e de meios materiais suficientes”, indica, apontando ser esta uma das razões para tratar de forma “muito lenta” os processos dos imigrantes que aqui vivem ou daqueles que querer vir para Portugal.


“É fundamental” dar educação aos afrodescendentes

Nuno Carvalho em pré campanha na Costa da Caparica

O candidato diz ser a favor da inclusão, mas por via de um processo que “deve ocorrer de forma natural”. Ela não deve ser considerada por uma simples inclusão das pessoas nas listas partidárias. Mas isto passa também pelo mérito próprio e, igualmente, por uma avaliação rigorosa para se perceber se o país tem ou oferece condições para todos.

“Quando se fala de uma maioria, seja ela política, ideológica ou étnica, temos sempre maioria porque existem minorias”, explica, afirmando que “Portugal é um país que não tem dificuldades em procurar equilíbrios”.

Reconhece, por outro lado, que não se debate muito o tema da representatividade, quer no caso dos afrodescendentes, quer no que toca a outras etnias ou na questão do género. “Isso não significa que ela não se consiga obter e, preferencialmente, que ela não deva ser obtida pelo mérito”, sustenta.

Nuno Carvalho mostra-se preocupado com o desemprego e o baixo nível de acesso à educação, que também afetam a comunidade de afrodescendentes. Em democracia, diz, deseja-se oferecer condições proporcionais a todos.

“Não têm que ser iguais, não têm todos que ganhar o mesmo, mas todos têm que ter as mesmas condições do ponto de vista da sua carreira ou profissão e da sua escolaridade. Isto é fundamental assegurar”, precisa.

Fundos comunitários para Setúbal

Atento ao que se passa em Setúbal, Nuno Carvalho defende investimentos que possam alavancar a solução dos problemas sociais e que permitam corrigir os desequilíbrios ainda existentes na península. Os fundos comunitários, adianta, são um dos instrumentos fundamentais para ajudar a inverter a situação.

Mas lamenta que o distrito, considerado a quarta região mais pobre do país, tenha sido excluído no plano de acesso a tais fundos. Estes instrumentos, insiste, são necessários para fazer face às correções e às diferenças sociais existentes.

Considera que este é um dos pontos fundamentais. “Quando os fundos comunitários representam 80 por cento do investimento do Estado no nosso país e nós não conseguimos ter acesso a eles na península de Setúbal, então esta é uma situação que é urgente corrigir”, advoga.

O candidato do PSD entende que esta é a via, associada a mais investimento económico, para se conseguir mais inclusão social. Só assim – sustenta – será possível abranger todas as comunidades imigrantes que vivem em Portugal, particularmente em Setúbal, e atingir um melhor nível de vida nos próximos anos. (X)

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