Lisboa acolhe manifestação contra violência a imigrantes que tentam entrar na Europa

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A capital portuguesa, Lisboa, acolhe hoje uma manifestação para exigir que a União Europeia tome medidas urgentes visando mitigar a violência nas fronteiras europeias, numa altura em que milhares de imigrantes estão a ser barrados à entrada no espaço europeu.

O evento, marcado para às 18:00 na Praça Europa, é organizado pelo coletivo Humans Before Borders e visa protestar contra o que está a acontecer, especialmente, na fronteira Turco-Grega, onde imigrantes estão a ser impedidos de entrar em território da União Europeia (UE) através da Turquia.

Nesta quinta-feira,o porta-voz do secretário-geral da ONU, Stéphane Dujarric, disse que as Nações Unidas exigem tratamento decente e apoio humanitário a milhares dessas pessoas que estão a ser vítimas de violência nas fronteiras europeias.

Nos últimos dias têm surgido várias reações à atuação da Guarda costeira da Grécia que há dias disparou contra imigrantes para impedir entrada na Europa.

Apesar de recusar comentar os métodos que estão a ser utilizados para impedir a entrada de migrantes e refugiados na Grécia, Dujarric diz que “é de importância crítica que os direitos [dos migrantes e refugiados] sejam respeitados, que a sua dignidade seja respeitada, que haja solidariedade global”.

Várias organizações não-governamentais denunciaram o uso indiscriminado de balas de borracha e de gás lacrimogéneo pelas autoridades gregas em várias pessoas que tentavam atravessar a fronteira daquele país.

Questionado sobre estas ações, o porta-voz de António Guterres respondeu que “todos os países têm o direito de controlar as suas fronteiras”, mas sulinhiu a necessidade de serem evitadas quaisquer medidas que possam “causar danos”.

“Há vidas em perigo e cada uma dessas pessoas, migrantes ou refugiados, precisa de ser tratada com dignidade. Essas pessoas precisam de apoio, precisam de ajuda humanitária”, reiterou Stéphane Dujarric.

Desde sexta-feira que milhares de pessoas estão concentradas junto das fronteiras terrestres da Grécia, cercadas e vigiadas pela polícia e exército gregos, depois de a Turquia ter permitido aos refugiados e imigrantes no seu território que tentassem alcançar a Europa.

Na passada segunda-feira, o Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, anunciou que milhões de pessoas irão entrar ilegalmente na Europa nos próximos meses.

A comunicação do presidente turco foi feita após a ameaça da suspensão de um acordo firmado com a União Europeia, em 2016, para impedir a entrada de imigrantes em solo europeu.

Quando na sexta-feira surgiram rumores de abertura de fronteiras com a Grécia e a Bulgária, milhares de pessoas começaram a tentar entrar na União Europeia, através dos postos terrestres de fronteira com a Grécia e a Bulgária.

E num discurso transmitido pela televisão, o Presidente turco disse que
“centenas de milhares atravessaram” a fronteira “e em breve irão chegar aos milhões”. No entanto, as estimativas das Nações Unidas referem um número muito menor: entre 10 mil e 13 mil pessoas.

A Organização Internacional para as Migrações (OIM) pediu na quarta-feira uma “resposta humanitária” na fronteira da UE com a Turquia e apelou a todos os países para que tenham uma abordagem “equilibrada e humana” sobre a matéria.

Num comunicado, a OIM diz que uma primeira avaliação indica que muitas dessas pessoas são vulneráveis, com grande percentagem de mulheres e crianças, e estão sem comida, sem água e muitas sem sítio para dormir.

As relações entre a Europa e a Turquia deterioraram-se na sequência da decisão do Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, de abrir as suas fronteiras à passagem de migrantes e refugiados para a Europa e, nomeadamente, para a Grécia, como forma de forçar os países europeus a “apoiar as soluções políticas e humanitárias turcas na Síria”.

O secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO, na sigla inglesa), Jens Stoltenberg, apelou hoje à Europa para chegar a acordo com a Turquia, admitindo que há muitos desacordos sobre a Síria, mas lembrando que Ancara foi importante na luta contra o grupo extremista Estado Islâmico.

O mal-estar entre a Turquia e o Ocidente começou com a ofensiva lançada pelo exército turco ao nordeste da Síria sem qualquer consulta à Aliança Atlântica.

Os ministros dos Negócios Estrangeiros dos 21 países da União Europeia que são membros da NATO vão reunir-se dos dias 02 e 03 de abril, em Bruxelas, sendo este um tema protagonista das conversações.

Erdogan anunciou, entretanto, a entrada em vigor à meia-noite – 21:00 de Lisboa – um cessar-fogo na província síria de Idlib após as conversações quinta-feira em Moscovo com o Presidente russo, Vladimir Putin, mas advertiu que Ancara ripostará a qualquer ataque.

A ofensiva das forças de Damasco em Idlib, o último bastião ‘jihadista’ e rebelde na Síria e onde estão presentes tropas turcas,foi o que provocou uma grave crise humanitária, com cerca de um milhão de deslocados que se dirigiram para a fronteira com a Turquia. (MM e agências)

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