Manuel Matola
O imigrante Luís Sinate, um dos mais prestigiados docentes moçambicanos a viver em Portugal, terá uma missão hercúlea a partir de setembro: fazer mapeamento de ex-alunos que se formaram no ISCSP e que hoje desempenham cargos de relevo, especialmente nos países lusófonos; de seguida, estabelecer a ponte de ligação entre estes àquela instituição de ensino superior e suas congéneres espalhadas pelo mundo.
É o primeiro moçambicano na imigração convidado a membro da Direção ALUMNI do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP) no ano em Moçambique celebra 48 anos de independência.
O ISCSP, uma unidade orgânica da Universidade de Lisboa é, de resto, uma das mais importantes instituições públicas centenárias de ensino universitário reconhecidas internacionalmente.
“Foi com muita alegria e também com muita emoção e honra que recebi com agrado esta nomeação para fazer parte dos órgãos de direção da Unidade Missão do ISCSP no departamento de Alumni por todas as razões mais uma que é muito especial: o facto de esta Universidade com enorme prestígio em Portugal e no resto do mundo ter sido a minha casa para a minha licenciatura em Gestão e posteriormente para o meu mestrado em Sociologia das Organizações”, diz Luís Sinate ao jornal É@GORA sobre um cargo que o “deixa extremamente orgulhoso”.
E apresenta várias razões para este sentimento: a primeira, “por ser moçambicano e cidadão do mundo”, e a segunda, “por ser um dos cidadãos que ao longo dos anos passaram nesta Universidade e adquiri(u) aquilo que são conhecimentos científicos, técnicos e humanos para desempenhar funções em todas as áreas da minha competência profissional”.
E mais: Foi, “sobretudo, por ter aprendido os valores, a ética, os princípios universitários que comandam a minha vida como profissional nas mais áreas de trabalho que eu faço”, diz o docente e um dos mais reconhecidos mentores da comunidade imigrante residente em Portugal.
E descreve a tarefa a começar depois do Verão.
“A minha missão vai ser fundamentalmente estabelecer a ponte de ligação entre os antigos alunos da nossa faculdade espalhados pelo mundo, fundamentalmente para o mundo lusófono, que vai naturalmente permitir fazer com que a aproximação entre os antigos alunos da nossa universidade, que muitos deles estão a desempenhar cargos de relevo nos nossos países de língua oficial portuguesa possam ter aqui a porta aberta para replicarem todos aqueles ensinamentos que nós todos tivemos nos nossos períodos de licenciatura e de mestrado”, explica.
Apesar da “honra e o muito gosto” em participar nessa missão de “estabelecer laços afetivos” entre os académicos e profissionais dentro de um mundo das universidades, Luís Sinate vê “muita responsabilidade” num trabalho que terá que conciliar com os apertados horários enquanto docente que diariamente partilha as experiências de conhecimento de gestão e sociologia das organizações com a comunidade imigrante estrangeira, incluindo a moçambicana através da embaixada de Moçambique em Portugal.
Apesar da aparente complexidade do papel que irá desempenhar, Luís Sinate considera que a Universidade “devia e deve ser naturalmente um espaço aberto de conexão, de interligação entre todos os saberes” independentemente do local onde estejam pessoas que por lá passaram.
E justifica: “porque a parte académica nunca deveria ter fronteiras”, aliás, “foi por isso que eu aceitei o desafio de fazer parte de um espaço académico que nunca deveria ter portas fechadas, mas sim janelas e portas abertas para o conhecimento e disseminar esse conhecimento pelo mundo”.
Creio que isso “será fundamentalmente uma das tarefas do departamento Alumni do ISCSP”, disse.
No trabalho diário de docência com quase três décadas, para Luís Sinate a leccionação é um mero exercício de migração de conhecimento que o torna hoje num dos rostos mais conhecidos da diáspora moçambicana que comemora 48 anos de independência. (MM)