Moçambique faz “mapeamento global” para ter “informação mais exaustiva possível” da diáspora

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FOTO: Mollweide Projection ©

O governo moçambicano lançou um processo de “mapeamento global” para criação de um banco de dados da diáspora com “informação mais exaustiva possível” dos que residem no exterior, visando envolve-los, através de “mecanismos legais”, na participação do desenvolvimento do país quando solicitados.

A iniciativa do mapeamento e da criação de um banco de dados da diáspora moçambicana provém do Chefe de Estado, Filipe Nyusi, e insere-se nas atividades dos primeiros 100 dias do governo, que foram recentemente aprovadas pelo Conselho de Ministros de Moçambique.

Sob lema “Quem somos e onde estamos no mundo”, a iniciativa governamental tem como objetivo “colher informação útil para formação de condições com vista ao maior envolvimento da diáspora no desenvolvimento de Moçambique, bem como na melhoria das condições do seu atendimento no que concerne às responsabilidades do governo”, referiu, nesta quarta-feira em Maputo, a ministra dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Verónica Macamo, que presidiu ao ato de lançamento do processo do mapeamento da diáspora moçambicana.

O diretor do Instituto Nacional para as comunidades moçambicanas no Exterior, Armando Muiuane Júnior, disse aos jornalistas que o Ministério dos Negócios Estrangeiros e Cooperação de Moçambique já tem “um formulário preparado” e que ainda na quarta-feira lançaria o mecanismo que deve ser usado para esse mapeamento a ser feito pelas missões diplomáticas e consulares em diferentes países.

Quando questionado sobre que tipo de informações exatamente o governo moçambicano pretende colher dos emigrantes, o diretor do Instituto Nacional para as comunidades moçambicanas no Exterior respondeu: “Temos um formulário preparado” e, de seguida, elencou os propósitos do Chefe de Estado moçambicano nessa matéria.

“O Presidente da República disse no dia 18 de dezembro, na cerimónia de cumprimento pela comunidade moçambicana no exterior: queremos saber quem somos, onde estamos, o que fazemos, porque o objetivo principal é termos uma informação mais exaustiva possível dos moçambicanos que estão lá fora que podem participar no desenvolvimento de Moçambique”, afirmou.

“Nós”, acrescentou Armando Muiuane Júnior, “às vezes, queremos conhecimentos aqui que pensamos que não os temos, quando temos moçambicanos que estão fora a trabalhar e que podem também ser solicitados a servir o país”.

“Então”, prosseguiu o responsável, “há várias coisas que podem acontecer aqui: através do conhecimento, através da experiência de trabalho que as pessoas possam ter e que possam fazer a partilha com o país; (também) podem trazer iniciativas de investimentos dos países onde estão acolhidos para Moçambique, em diversas áreas – turismo, mineração, agricultura -, seja em que área for. Temos que criar somente estes mecanismos”, explicou.

Exemplificando, disse: “Já criamos as plataformas, por exemplo, com Agência para Promoção de Investimentos e Exportações (APIEX) para facilitar investimento dos moçambicanos no exterior em Moçambique. Isso já é uma fase do processo de envolvimento da diáspora moçambicana”.

Armando Muiuane Júnior considerou que, para o governo moçambicano, uma das fases cruciais do processo será a da elaboração da Política da Diáspora, documento onde “estará regulado todos os itens referentes à diáspora em Moçambique, de uma forma que esteja clara como é que essa diáspora se pode envolver e que mecanismos legais devem ser usados para ela se envolver”.

Para o diretor do Instituto Nacional para as comunidades moçambicanas no Exterior, a inexistência de uma base de dados dificulta a interação com a comunidade moçambicana residente na diáspora.

“Como é que nós teremos a comunicação permanente com a diáspora moçambicana estando em Moçambique e eles estando lá onde estão. Que meios devem ser usados através do Instituto Nacional para as comunidades moçambicanas no Exterior ou de outros setores do governo para garantir que essa comunidade se sinta, de facto, moçambicana, e não olhe para o país como estando distanciado de si?”, questionou.

“Portanto, esta é que a grande preocupação do governo. Temos visto nas visitas de trabalho que o Presidente faz pelo mundo fora os moçambicanos reclamarem essa (falta de) aproximação, então queremos criar essa aproximação, mas, para criarmos aproximação, é preciso saber onde é que eles estão. Porque sem saber onde é que estão como é que nos vamos aproximar a alguém que não conhecemos”, afirmou

Segundo Armando Muiuane Júnior, as autoridades moçambicanas entendem que, por ser importante “essa tarefa de mapeamento para poder ter esse relacionamento coma diáspora, o processo de mapeamento é permanente”.

“Assim que os moçambicanos vão estando na diáspora, vão sendo mapeado porque (a criação de base de dados) é um processo dinâmico, como tal vamos fazer questão de atingirmos o maior número possível de moçambicanos” que residem na diáspora, frisou.

A cerimónia do lançamento contou com a presença do diretor regional da Organização Internacional para as Migrações (OIM) para a África Austral, Charles Kwenin, que destacou a importância da diáspora, para quem “resulta da migração”, o que faz com que a agência da ONU tenha responsabilidades de ajudar os governos nesse campo. (MM)

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