Manuel Matola
O Governo moçambicano procedeu hoje ao relançamento do “mapeamento global” para criar um banco de dados que permitirá ter “um conhecimento profundo da diáspora”, processo que abrandou com a pandemia, levando ao recenseamento de apenas 30% do universo populacional residente no exterior.
A partir da base de dados a ser criada, o executivo de Maputo pretende elaborar uma Política da Diáspora, documento que contará com o contributo dos próprios moçambicanos, nomeadamente líderes associativos, e dos vários setores da Economia e do Governo, que participaram no 1° ciclo de debates online sobre a matéria realizado esta quinta-feira.
A ministra dos Negócios Estrangeiros e Cooperação de Moçambique, Verónica Macamo, disse tratar-se de uma decisão que provém do Chefe de Estado, Filipe Nyusi, que nos primeiros 100 dias de atividades do executivo de Maputo fez aprovar a proposta em Conselho de Ministros de Moçambique.
Falando no decurso do I Ciclo de Debates intitulado “Para uma Política da Diáspora”, a chefe da diplomacia moçambicana explicou que “na prossecução deste objetivo estratégico, a elaboração de uma Política consagrada à diáspora passa necessariamente por um processo de mapeamento que visa a promoção de um conhecimento profundo da diáspora, particularmente, em termos de quantos são, quem são, onde estão, o que fazem e quais são as qualificações e perfis profissionais”.
E apontou o propósito das autoridades moçambicanas: “Acreditamos que este exercício permitirá o conhecimento das comunidades moçambicanas que escolheram viver noutros países em busca das melhores condições de vida, por motivos familiares ou outros, contudo, mantendo as suas origens e afinidades sócio culturais com a Pátria-Mãe”.
A ideia visa envolver os moçambicanos que residem no exterior na participação do desenvolvimento do país quando solicitados, através de “mecanismos legais”, por forma a que se possa “regular a relacionamento entre Moçambique e a diáspora”, esclareceu aos jornalistas o diretor do Instituto Nacional para as Comunidades Moçambicanas no Exterior (INACE), Armando Pedro Muiuane Júnior.
“A Política da Diáspora é para poder regular o relacionamento entre Moçambique e a diáspora. É que tem havido muitas situações em que a diáspora apresenta muitas preocupações que depois não encontra uma solução clara em termos de norma”, justificou Armando Pedro Muiuane Júnior.
Com este encontro hoje realizado virtualmente, o Ministério dos Negócios Estrangeiros e Cooperação de Moçambique pretendeu “buscar respostas a essas preocupações” deste grupo social depois que, recentemente, “foi lançado um concurso para encontrar um consultor nacional e internacional para ajudar a moldar essa Política da Diáspora”, disse o responsável.
Segundo Armando Pedro Muiuane Júnior, a Política da Diáspora vai ser aprovada proximamente, mas até lá será preciso “envolver vários setores da Economia e do governo. Pode haver interesse que estes digam como se podem relacionar com a diáspora e como esta pode se relacionar com Moçambique”.
Mas o objetivo principal é criar “um relacionamento são entre o governo e a sua diáspora” em busca de várias soluções, frisou.
“Temos outras situações: a diáspora quer participar no desenvolvimento de Moçambique. É preciso normar isso. Se quer participar nas várias áreas de desenvolvimento do turismo, mineração e ensino, temos moçambicanos que estão fora e têm conhecimento. Como fazer com que essas pessoas possam participar com o seu conhecimento para o desenvolvimento de Moçambique sem ter que sair definitivamente de onde estão para vir para aqui. Mas haver uma forma clara de estas pessoas poderem ajudar o seu país a desenvolver”, disse o diretor do Instituto Nacional para as Comunidades Moçambicanas no Exterior, para quem este encontro e o próximo procuraram “encontrar formas de esta diáspora atrair investimentos lá fora”.
“A nossa diáspora são os embaixadores de Moçambique lá fora”, sublinhou.
Quando em 2019 a ministra dos Negócios Estrangeiros e Cooperação presidiu ao ato de lançamento do processo do mapeamento da diáspora moçambicana, sob lema “Quem somos e onde estamos no mundo”, a governante esclareceu o que o se pretendia desta iniciativa: “colher informação útil para formação de condições com vista ao maior envolvimento da diáspora no desenvolvimento de Moçambique, bem como na melhoria das condições do seu atendimento no que concerne às responsabilidades do governo”, disse. (MM)