Moda e representatividade

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1959

Claudina Correia
(Consultora de Imagem)
Durante muitos anos os protagonistas tanto de filmes, novelas e capas de revistas revelavam um padrão de beleza específico: caucasianos, corpos magros e cabelos lisos. Excluídos do belo tudo o que não se identificava com o representado.

Na moda, as roupas mais formosas e estruturadas eram feitas em modelagem pequenas com numeração e proporções muito específicas e as peças de roupa para tamanhos mais acima eram com modelações pouco estéticas.

Desde sempre que a moda é usada como expressão e, apesar de aparente anseio pela estética ou para suprir uma necessidade, o que se procura na moda é a identificação, não só com suas causas mas também com o que as marcas defendem. Podemos verificar isso através da história da moda que a sua evolução é devida às mudanças de vida e de pensamento da sociedade.

A moda permite-nos encaixar como parecido ou destacar como diferente. E se não nos identificamos com a versão de pessoas bem-sucedidas que é exposto, como podemos acreditar que somos merecedores de êxito?

Feminismo, body positivity, diversidade de género e cultural são alguns dos temas que a moda tem vindo a acompanhar/abordar tanto nos shows de moda como nas políticas internas de cada marca.

A representatividade na moda tem permitido não só espelhar a diversidade como tem feito com que cada indivíduo se sinta bem e ame o seu corpo. Isto proporcionou o empoderamento das minorias e a criar um novo cenário de respeito e igualdade.

Não só nas modelagens encontramos o esforço da inclusão, também na desconstrução da cor nude tanto pelas marcas de roupa íntima como nas marcas de maquilhagem e de calçado. Reconhecimento e valorização dos diferentes tons de pele e diversificar a ofertas nos vários departamentos.

Verificamos também a preocupação com a representação cultural tendo cada vez mais modelos negros e muçulmanos a aparecerem nas capas de revistas e a desfilarem nos shows de moda. Os catálogos das marcas exibem isso cada vez mais, o que além de ampliar o leque de consumidores, contribui para que as referências de moda, vindo de diferentes contextos, sejam naturalmente aceites.

A moda andrógina está igualmente em constante ascensão, peças de roupas sem diferenciação de género, deixando de ser ditador o que é para homem ou para mulher e tornar possível que cada um se expresse livremente.

A necessidade de representatividade tem aberto outras portas como a união e empoderamento cultural, o incentivo ao consumo e valorização de pequenas marcas. Um estimulo para a economia local e consequentemente melhoria de vida dessas comunidades.

A representatividade combate a segregação, permite que todas as pessoas, independentemente da sua cultura ou condição social, se revejam nos diferentes âmbitos e tenham referências que os permitam ver que não existe limite para os lugares que podem e querem ocupar.

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