Neurocientista Fabiano Abreu explica como age o cérebro de um desonesto e dos que têm ansiedade e fobias

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Fabiano de Abreu, neurocientista luso-brasileiro. FOTO: MF Press Global ©

Manuel Matola

O neurocientista luso-brasileiro Fabiano de Abreu, que reside em Portugal, acaba de lançar dois estudos distintos em que revela como age o cérebro de uma pessoa desonesta que usa a mentira para se sobressair de situações embaraçosas e do que tem problemas de ansiedade e fobias.

“Neurocientificamente falando, a desonestidade aumenta com o tempo”, assegura o neurocientista assegurando que, “de certa forma”, os desonestos “são pessoas que se tornam arrogantes pela própria desonestidade para tentar balancear o prejuízo do peso de não ser honesto”.

E quanto às pessoas com ansiedade e fobias, o neurocientista luso-brasileiro avisa: apesar de o medo ser “uma resposta natural do organismo” se estiver “em excesso pode ocasionar síndromes ou transtornos, como Transtorno Obsessivo Compulsivo ou Transtorno de Ansiedade Generalizada”.

Em notas separadas enviadas ao Jornal É@GORA, Fabiano de Abreu resume as duas pesquisas, começando por lançar uma questão de fácil resposta relacionada às pessoas desonestas que, de resto, “estão espalhadas em todos os lugares do mundo”, segundo reconhece o próprio neurocientista.

“Conhece alguém desonesto? A pessoa que usa da mentira para se sobressair de situações ou até para prejudicar outras pessoas?”, questiona Fabiano de Abreu para de seguida explicar o perfil dessas pessoas com base nas conclusões da sua própria pesquisa: “Bom, essas pessoas estão espalhadas em todos os lugares do mundo e esse comportamento que envolve a desonestidade nem sempre é somente uma questão de caráter”, diz.

De acordo com Fabiano de Abreu, a pessoa desonesta pode ser assim por uma questão de caráter ou por causa de um problema mental.

“De certa forma, são pessoas que se tornam arrogantes pela própria desonestidade para tentar balancear o prejuízo do peso de não ser honesto, pois o certo e o errado está bem definido em nossa cultura e sociedade. Logo, o que destoa torna-se um peso”, diz Fabiano de Abreu acrescentando que:

“A arrogância tem como semântica a inveja e a prepotência, logo, ver a honestidade de alguém fere aos que não conseguiram conquistas através da honestidade”, diz o académico dando como exemplo uma disputa ferrenha entre duas pessoas: “É como uma competição narcísica em que a falta de capacidade de conseguir fazer o certo faz odiar os que conseguem”, aponta.

E, “neurocientificamente falando”, assinala: “a desonestidade aumenta com o tempo. Há muita atividade em regiões do cérebro associadas às emoções – a amígdala em particular. Com tempo, quanto mais desonesto [a pessoa for mais] essa região diminui a sua atividade. Mas isso não é bom, pois significa que o cérebro se moldou a essas circunstâncias. O cérebro tem a capacidade de se adaptar e tornar os estímulos menos intensos. Infelizmente, a adaptação torna mais fácil fazer algo ruim”.

De acordo com Fabiano de Abreu, essa alteração também afeta a região frontotemporal fazendo com que o indivíduo distorça a razão a seu favor. Ou seja, segundo o professor, essa pessoa começa a não se importar com a mentira.

O especialista também afirmou que, no âmbito da pesquisa, fez-se uso de imagens cerebrais basedas em estudos conduzidos por Tali Sharot na University College London que mostram que o cérebro se adapta ao comportamento desonesto.

Na pesquisa, diz, os participantes mostraram atividade reduzida em seu sistema límbico à medida que contavam mais mentiras, apoiando a ideia de que cada mentira torna a mentira mais fácil.

O que é o Medo que paralisa??

Segundo Fabiano de Abeu, o Medo é uma resposta natural do organismo que ocorre “quando há uma situação de perigo”, pois nessas cicunstâncias, “o corpo entra em alerta, principalmente, na região do cérebro (amígdala — local em que controla as emoções)”.

Na pesquisa publicada pela revista Science Journal of Health (CPAH), o pesquisador doutorado em Neurociências, cita pesquisas que identificaram moléculas que carregam as imagens, os sons e os odores considerados ameaçadores mesmo para amígdala.

“Ao perceber e descobrir isso pôde-se desenvolver novos tratamentos para pessoas com problemas de saúde relacionados ao medo, como transtorno de estresse pós-traumático (TEPT)”, diz Fabiano de Abreu no artigo divulgado sob orientação de Flávio Sanches, especialista em alta performance.

De acordo com a investigação, “o medo é primário quando é uma emoção e ao transformar-se em secundário tornar-se sentimento. É importante para sobrevivência, mas em excesso ou a falta dele [a pessoa] pode ter problemas no quotidiano”, indica.

Além disso, assinala o artigo, “o medo pode ser considerado um estado motivacional desencadeado por estímulos específicos que dão origem a um comportamento defensivo ou de fuga. Em excesso, pode ocasionar síndromes ou transtornos, como Transtorno Obsessivo Compulsivo ou Transtorno de Ansiedade Generalizada”.

Como funciona o medo?

Segundo a pesquisa, o medo acontece com um mecanismo de funcionamento neurológico, ou seja, ao enfrentar uma situação que amedronta, o hipotálamo é ativado e, por sua vez, ativa a glândula pituitária — que desencadeia a liberação de adrenalina, noradrenalina (que influencia no humor, ansiedade, sono e alimentação) e cortisol (que ajuda o organismo a controlar o estresse, reduzir inflamações e contribuiu para o funcionamento do sistema imunitário).

Apesa das várias pesquisas e constatações, o neurocientista diz observar que “há várias disparidades sobre o que é medo”, pelo que a sua pesquisa visa ajudar as pessoas com problemas com medo e ansiedade em excesso. (MM)

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