
Manuel Matola
O neurocientista luso-brasileiro, Fabiano de Abreu, alerta para o perigo de redução da idade legal mínima para votar para os 16 anos por considerar que nesta fase da juventude o cérebro “ainda é imaturo” e “excessivamente emocional” para tomar certas decisões.
Recentemente, a Comissão Política Permanente do PSD aprovou uma proposta no sentido de redução da idade legal mínima para votar para os 16 anos mas, no âmbito do debate parlamentar sobre a revisão constitucional, o principal partido da Oposição em Portugal viu o partido no poder, PS, adiar a reforma do sistema que acolheria a ideia do Partido Social Democrata que pretende a participação política de jovens a partir dos 16 anos.
Comentando essa proposta, que está agora a ser alvo de debate tanto na sociedade portuguesa, quanto a nível da União Europeia, o neurocientista Fabiano Abreu alertou para o eventual aproveitamento político dos partidos dos potenciais eleitores aos 16 anos.
É que, normalmente, “estes jovens eleitores são mais influenciáveis e por haver uma redução na abstenção são mais impulsivos e idealistas pela questão emocional”, diz Fabiano de Abreu em nota enviada ao jornal É@GORA.
Em Portugal, esta intenção tem sido manifestada por vários partidos da e o PSD se juntou às posições do BE e do PAN que defenderam a sua aprovação no âmbito da revisão constitucional.
No Brasil, o assunto foi também há uns meses alvo de discussão para as eleições presidenciais deste ano.
Já nessa altura neurocientista Fabiano de Abreu, residente em Portugal, falou sobre o tema.
Fabiano de Abreu apresenta um argumento a nível da ciência e da biologia humana onde existem indicadores que alertam para o perigo deste tipo de decisões, nomeadamente, em termos de desenvolvimento e discernimento mental.
Como nos alerta o neurocientista, “o lobo frontal, mais específico o córtex pré-frontal, só termina de se desenvolver até os 30 anos de idade, a depender do indivíduo. Com 20 anos de idade ele já é bastante desenvolvido. Esta região está relacionada à lógica, tomada de decisões, controle emocional, atenção, racionalidade, entre outras funções relacionadas à inteligência global e precursora”
O Neurocientista Fabiano de Abreu, que
pertence aos 0,1% dos seres humanos mais inteligentes do planeta, cunhou este mecanismo.
“Chamo[-o] de controle das inteligências. O cérebro de jovens com 16 anos de idade ainda é imaturo e excessivamente emocional. O sistema límbico trabalha melhor nas mensagens negativas, o que é natural, para a sobrevivência, mas revela uma ira maior e como não existe um controle emocional tão definido, possuem o que chamo de ‘pensamento abstrato de imortalidade'”, explica.
Dando uma opinião mais pessoal, Fabiano de Abreu diz não acreditar que jovens desta idade estejam preparados para a tomada deste tipo de decisão pela “sua imaturidade” essencialmente.
“No meu ponto de vista, os jovens de 16 anos, pelo menos na sua grande maioria, ainda têm uma perceção distorcida da realidade o que altera também a capacidade lógica e racional. A maturidade tem relação com a consciência, com a perceção, com a lógica e capacidade criativa. A experiência desenvolve a maturidade e a capacidade de análise. Como cientista, posso dizer que isso deve ser melhor analisado pensando sempre no nosso futuro”, conclui. (MM)