Novos Ventos nas relações Portugal e Angola

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Presidente angolano Joao Lourenco (Esq.) e português Marcelo Rebelo de Sousa (Dir.) brindando num hotel em Lisboa, em 2018. FOTO: EPA/ANTONIO COTRIM

Luanda quer investidores portugueses “em força”.

Em três dias de visita oficial a Portugal, o presidente angolano João Lourenço assinou 13 acordos de caráter bilateral, proferiu mais de uma dezena de intervenções, e pediu aos “investidores para fazerem as malas e irem para” o seu país “em força”. Em especial “os empresários pequenos e médios, de praticamente todos os ramos da economia”.

João Lourenço disse-o várias vezes ao longo da visita e voltou a dizê-lo no final do encontro com representantes dos órgãos da comunicação social portuguesa em Lisboa, insistindo em pontos fortes que foi desenvolvendo ao longo dos três dias da sua presença em Portugal.

No encontro com os jornalistas portugueses, o presidente angolano garantiu não existirem atualmente “obstáculos no caminho das relações” entre os dois países como ficou comprovado pelo número de acordos assinados durante a visita. Acordos estes à que somarão outros, já no início de 2019, quando o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, se deslocar a Angola, como fez questão de frisar João Lourenço.

Foram também obtidas garantias do governo de António Costa para a identificação e repatriamento de capitais angolanos ilicitamente colocados em Portugal.

Noutro plano, como o referiu com discreto sentido de humor, foi garantida a presença de capitais da Sonangol no Millenium BCP: “nós sossegámos essa empresa, para dormir descansada”, disse João Lourenço.

A permanência da Sonangol no capital daquele banco prende-se com o processo de redefinição das prioridades de investimento da petrolífera angolana. Das cerca de cem empresas em que a Sonangol está presente, estão identificadas “52 empresas” a nível global das quais se deve retirar, indicou o chefe do governo de Luanda.

Agricultura, pescas, turismo e ensino

Entre os acordos assinados figuram acordos de cooperação na área do ensino superior, ciência e tecnologia e formação de professores, memorandos de entendimento no setor do turismo e da juventude e desportos, parcerias nas áreas da engenharia, investigação científica e da justiça.

Além de um protocolo para formação e investigação no setor agroalimentar com o objetivo de alcançar “autossuficiência alimentar” e a “promoção de culturas em que Angola tem tradição”, como é o caso do café, cacau, palmar e caju para reduzir a saída de divisas, como explicou o ministro da agricultura angolano, Marcos Nhunga, falando no final de uma visita de João Lourenço ao Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária (INIAV), em Oeiras.

A agricultura, as pescas e o turismo foram, aliás, expressamente referidas como áreas de interesse para a presença portuguesa pelo dirigente angolano no final do encontro.

Para a visita de Marcelo Rebelo de Sousa a Angola no próximo ano ficarão os acordos na área da saúde e da simplificação de vistos, além de outros instrumentos ainda em negociação.

Por outro lado, João Lourenço foi taxativo ao garantir que “não haverá instabilidade em Angola” em resultado do combate à corrupção e outras práticas fraudulentas que desencadeou desde a chegada da presidência, apesar de estarem em causa figuras anteriormente ligadas aos círculos do poder, como os filhos do ex-presidente Eduardo dos Santos.

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