O grito de uma jornalista em nome dos angolanos retidos em Portugal

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Presidente de Angola, João Lourenço. FOTO: LUSA ©

Elisa Coelho
(Jornalista angolana)
Nós angolanos retidos em Portugal, por conta da pandemia de Covid-19, vamos ficando cada vez mais desesperados, por não termos ainda a data oficial para o regresso ao país. O desconforto é gritante. Há compatriotas nossos cujos recursos para subsistir a esta realidade esgotaram-se faz tempo.

Fala-se em apoio das embaixadas dos países onde estão angolanos a viverem situação idêntica a nossa, mas também sabemos que estas instituições estão aquém de poderem suportar a essa demanda, e a de Portugal não é diferente. Apesar da boa vontade que o Consulado de Lisboa demonstra quando solicitado, o que se pretende e todos nós gostaríamos de ouvir é a garantia da data do nosso regresso.

Temos seguido as comunicações da comissão intersectorial e procuramos ao máximo nos sensibilizar com tudo o que é passado, mas o problema é que há muita gente nossa a passar muito mal.

É mera utopia pensar-se que a nossa representação diplomática está capacitada a ajudar, mesmo com gestos básicos, as mais de 700 pessoas à espera do regresso.

Muitos de nós, mesmo em casa de familiares, sentimos na pele o quanto é desconfortante o que nos está a ser imposto por este acantonamento em terras alheias. Muitos irmãos nossos, que por várias razões vieram cá parar, tiveram planos apenas para despesas previstas, para um determinado tempo!

No meio disso tudo, ainda temos as confusão da TAAG, que volta e meia surge com informações que não vão de encontro com as anunciadas pelo governo.

Em Abril, foi passada a informação de que os passageiro com bilhetes de ida e volta retidos não lhes seriam cobrados custos adicionais.

Foi então determinado que fizéssemos a confirmação do nosso regresso, de 18 de Março á 30 de Abril. Eu, quando no dia 23 tentei tratar desse assunto, já me estavam a dizer que se quisesse viajar até ao dia 10 de Maio teria que pagar, porque já não haviam vagas e que se assim não fosse teria que reconfirmar para o dia 27 do mês sem custos. Assim tive que proceder. Devido ao estado de emergência, o espaço aéreo não foi aberto e tivemos que fazer nova confirmação e outro problema surgiu.

O meu sobrinho que connosco veio, quando cá chegou, faltavam dois meses para completar os dois anos de idade, logo veio anexado ao bilhete da mãe, imaginem vocês que a TAAG impõe que se tenha que comprar um novo bilhete para o menino, cuja tarifa é de 200 mil kuanzas (307 euros). É justo isso?

Tive informações de que a mesma operadora continua a vender bilhetes. Isso faz com que de tempos em tempos apareça nas redes sociais publicações com garantias de vôos e datas estabelecidas pela Companhia Aérea Angolana, o que provoca dúvidas às pessoas, de tantas informações se cruzarem.

Se, por um lado, a fonte oficial é a que vem da Comissão Intersectorial, quando esta fica no silêncio, não é nada abonatório.

Se não é a TAAG, enquanto instituição a provocar essas trapaças, existem trabalhadores seus a tirarem proveito da triste situação a que os cidadãos angolanos em Lisboa estão acometidos por conta da Pandemia do ano.

O que é muito triste. (X)

2 COMENTÁRIOS

  1. Gostaria que as viagens entre Portugal e Angola voltassem a estar ativas. Estou há muito tempo em Portugal com vontade de regressar a Angola. Por favor, revejam esta situação.

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