O papel de um pai

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Adelaide Miranda
(Life Coach de Alta Performance)
Na passada sexta-feira dia 19 de março celebramos o Dia do Pai. Em vários “posts” no Instagram, no Facebook e em vários artigos nos jornais e revistas o dia foi celebrado com toda a “pompa e circunstância”. E assim deve ser nesse dia, e os orgulhosos pais devem lembrar-se do seu papel nesse dia, assim como em todos os outros.

Neste momento sou “mãe solo”. Desde que me divorciei que a responsabilidade sobre a educação, alimentação, segurança e bem-estar do meu filho recai maioritariamente sobre mim. O meu casamento não funcionou e durante muito tempo mantive-me no mesmo com receio de o meu filho “perder” o pai presente… Pensamos muitas vezes que o melhor para os nossos filhos é dar-lhes um lar onde ambos os progenitores estão “presentes” em modo de ausência e a passar exemplos que não queremos que eles sigam na vida.

Aqui vem o famoso ditado “faz o que eu te digo e não faças o que eu faço”. As decisões que tomamos só a nós nos pertencem, mas aprendi muito recentemente que “decisões fáceis” levam a vidas difíceis, e por vezes as decisões mais difíceis que tomamos são as que nos levam a vidas mais fáceis.

Dispersei um pouco, eu sei. Apenas quis dar-te a minha perspetiva em relação ao medo que senti em separar-me: o medo de o meu filho perder o pai presente. E, porquê? Porque, durante larga parte da minha vida tive um pai ausente. A realidade é que doeram os momentos em que precisei do meu pai e ele não estava lá. A verdade é que senti falta do meu pai nos momentos mais importantes da minha vida. A verdade é que muitas vezes chorei pela presença do meu pai. A verdade é que durante muitos anos senti que o meu pai viria buscar-me tal qual príncipe encantado e levar-me no seu cavalo andante. A verdade… A verdade é que aprendi a crescer sem o meu pai, e sei bem a falta que me fez. E, como tal, como mãe que ama o seu filho quis protegê-lo de passar por isso.

Mas, sabes qual a verdadeira realidade? A verdadeira realidade é que a presença de um pai não deve depender do comportamento ou sacrifício de uma mãe. A presença de um pai não deve depender de decidirmos ficar num casamento ou relacionamento que nos traz sofrimento…

A presença de um pai depende pura e somente do pai! A verdade é essa! A presença de um pai depende pura e somente do pai! E, vou repetir: a presença de um pai depende pura e somente do pai!

Então, tu que és pai e que estás a ler este artigo, peço-te que percebas que o Dia do Pai não é só no dia 19 de março, mas sim todos os dias. Mesmo, morando em casa com a tua família peço-te que percebas que providenciar alimentos e bem-estar não é suficiente. O que os filhos mais precisam é amor! Eu falo por mim, mil vezes preferia ter dormido com fome nos braços do meu pai do que sem fome e longe dele. Eu falo por mim, mil vezes preferia um carinho, a palavra amo-te, do que os presentes que me oferecia. Eu falo por mim, mil vezes um raspanete do que a ausência.

Portanto, apelo aos pais que acedam mais vezes ao seu lado emocional. Peço-te a ti, pai que me lês, que abras o teu coração e digas quanto amas os teus filhos. Sim, diz em voz alta o quanto amas. Sei que podes demonstrar amor de outras formas, como não deixando que nada falte, mas professar o amor em voz alta é importante, essencial e obrigatório.

Apelo os pais ausentes que se façam mais presentes. Que não permitam que o correr da vida os afaste do que é mais importante: os seus filhos. Que não permita que o correr da vida os afaste de momentos preciosos e únicos.

Apelo aos pais que estão separados das suas mães que não abdiquem dos seus fins-de-semana, das suas férias, dos seus momentos. Que não abdiquem da sua parte na educação, que participem o mais que possam nas decisões, que apoiem as mães dos seus filhos sempre que possam. Que sejam uma e só uma voz com a mãe dos seus filhos para que a base da educação seja a mesma em ambos os lares, para não confundirem os seus filhos.

Apelo aos pais que nunca, mas nunca se esqueçam das suas responsabilidades parentais e principalmente o dever maior: amar e demonstrar esse amor aos filhos com palavras de afeto, apreciação, e também de educação.

Apelo aos pais que não tentem compensar a sua ausência com presentes. Sempre que possam façam-se “presentes”.
Esta é a minha mensagem aos pais, faço-a na minha voz de Adelaide Miranda, não como life coach, como filha de pai que em tempos foi distante e ex-mulher de um pai que é muitas vezes ausente.

E tu pai, que me lês, ajuda-me a passar a mensagem que o dia dos pais são realmente todos os dias. Assim como, deixar bem claro aos nossos filhos as medidas de segurança nestes momentos complicados que vivemos: máscaras, álcool gel e “2 metros” de separação. (X)

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