A detenção recente de Armando Ndambi Guebuza, filho do antigo estadista moçambicano Armando Emilio Guebuza (entre 2004 e 2014), pelo seu alegado envolvimento no intrincado caso das dívidas ocultas, levantou uma série de questionamentos no seio da sociedade relativamente ao “modus vivendi” dos filhos dos presidentes da Republica.

A forma desinibida como exibem a sua vida faustosa não “cai bem” aos olhos do cidadão comum, especialmente quando se vem a saber que, a grande parte deste filhos dos presidentes, nunca foi reconhecido qualquer mérito (ou sequer qualquer actividade) profissional.
Ao clã Guebuza, já antes do caso Ndambi, muito se questionava sobre a natureza dos “empreendimentos” dos seus irmãos Mussumbuluko e Valentina (já falecida).
O primeiro esteve envolvido, como intermediário, num suposto negócio de armas que envolvia o estado moçambicano. Já a segunda, tida como empresária de sucesso, assassinada há perto de dois anos pelo próprio marido, era, entre outras, uma das principais accionistas da multinacional Startimes, e por sinal, era também uma das peças-chave no processo de transição da TV analógica para a digital…
Muito graças aos (de)feitos do pai, ao longo dos seus 10 anos de presidência – período no qual os níveis de pobreza dispararam e os desníveis sociais se agravaram exponencialmente – nenhum destes filhos de Armando Guebuza granjeou simpatias do povo (de uma forma geral).

Antes houve o já falecido, filho do presidente Joaquim Chissano, acusado entre outras de estar envolvido no assassinato do jornalistra Carlos Cardoso.
Homem de poucas falas, Nympine era descrito como uma figura irascível, que não admitia ser “incomodado”, até mesmo por individualidades ligadas à nomenclatura. Foi nesse contexto que, quando Cardoso – através do seu jornal (o “Metical”) – começou a investigar os contornos de um rombo financeiro que levou à falência o extinto BCM (Banco Comercial de Moçambique), acabou sendo barbaramente assassinado, sendo que o nome de Nympine veio à baila, trazido por alguns dos condenados por esse crime. Acusaram-no de ser o principal mandante.
Nympine acabou perdendo a vida em circunstâncias pouco claras, havendo inclusive especulações segundo as quais ele não terá efectivamente morrido, mas sim se exilado no Brasil onde terá assumido uma nova identidade. Esta versão ganhou alguma força a partir do momento em que (se soube que) o seu caixão nunca foi aberto durante as cerimónias fúnebres, tanto em Maputo, como em Malehice, terra natal de seu pai.

Agora temos o “menino traquinas” Florindo Nyusi, filho do actual presidente Filipe Jacinto Nyusi. Um “showofista” de primeira classe, amante de bólides, e cuja arrogância tira qualquer um do sério.
Ainda na flor dos vinte anos, não se lhe conhece qualquer profissão, apenas se desconhece a proveniência de tanto dinheiro para a aquisição da sua invejável frota de viaturas topo de gama.
São vários os episódios de brigas e desacatos protagonizados por Florindo, que se comentam à boca cheia. Numa delas consta que terá mesmo levado uns bons açoites dos guardas da Presidência da República, por ter irrompido pelos jardins do Palácio da Ponta Vermelha adentro (residência oficial do PR) a altas horas da madrugada, com música altíssima, acompanhado de amigo/as, e sequer se importando com o facto de o pai (da nação) ter direito ao merecido repouso.
Num outro episódio recente, também se relata que o jovem tentou fazer as mesmas “brincadeiras” algures na África do Sul, tendo sido severamente “castigado” por agentes da lei e ordem daquele país, e obrigado a abandonar de seguida o território sul-africano.

Com Samora Machel na presidência (1975 – 1986) a conversa era outra. Nenhum dos filhos se envolveu em polémicas, porque antes mesmo de qualquer coisa “transpirar” cá para fora, ele próprio se encarregava de colocar a sua mão dura sobre o visado.
Samora chegou inclusive a mandar para a “reeducação” uma das filhas e o genro, alegadamente por comportamentos inadequados.
Aliás, é de sua autoria a famosa frase “estudem meus filhos, porque o presidente aqui sou eu!…”
Este ano teremos eleições presidenciais, e está muito tremida a reeleição de Filipe Nyusi. Um dos motivos (talvez o de somenos, mas mesmo assim marcante) será certamente as “tropelias” do seu filhote.
Se assim acontecer, ou seja, se Nyusi não for releito, o país aguarda com expetativa – e com espírito de cobrança – por melhores comportamentos por parte dos filhos (se os tiver) do novo inquilino da Ponta Vermelha…
A ver vamos