O governo português anunciou disponibilidade para acolher cinco das 40 pessoas que se encontram a bordo do navio humanitário “Alan Kurdi” ao largo de Malta, “num gesto de solidariedade humanitária e de desejo comum de fornecer soluções europeias para a questão da migração e das tragédias humanas que se verificam no Mediterrâneo”.
Em comunicado conjunto, os ministérios da Administração Interna e dos Negócios Estrangeiros de Portugal anunciaram que além de Portugal, a “França, Alemanha e Luxemburgo (também) manifestaram esta disponibilidade para receber o grupo de pessoas” que estão na embarcação da organização não-governamental (ONG) alemã Sea Eye, onde se encontram quatro dezenas de pessoas a bordo, incluindo três crianças e uma mulher grávida, que foram resgatadas nos últimos dias no Mediterrâneo.
Num espaço de menos de uma semana, esta é a segunda vez que Portugal manifesta disponibilidade total para acolher grupo de migrantes resgatados na rota daquele que é o maior mar interior continental do mundo, que liga o continente africano ao europeu e tem abertura e comunicação direta com o Atlântico através do estreito de Gibraltar e o Oriente Médio como limite oriental.
Na semana passada, a Comissão Europeia anunciou que Portugal foi um dos cinco países, juntamente com França, Alemanha, Luxemburgo e Irlanda e ainda a Igreja italiana que acordaram receber 131 migrantes resgatados quando estes aguardavam uma solução a bordo do navio italiano ‘Gregoretti’.
Na nota divulgada neste sábado sobre os imigrantes a bordo do navio humanitário “Alan Kurdi” ao largo de Malta, as autoridades portuguesas afirmaram que Portugal vai receber parte desses imigrantes “num gesto de solidariedade humanitária e de desejo comum de fornecer soluções europeias para a questão da migração e das tragédias humanas que se verificam no Mediterrâneo”.
“Não obstante esta disponibilidade solidária sempre manifestada, o Governo português continua a defender uma solução europeia integrada, estável e permanente para responder ao desafio migratório”, assinala o comunicado.
Na nota, os ministérios da Administração Interna e dos Negócios Estrangeiros garantem que Portugal “tem participado ativamente em todos os processos de acolhimento” de migrantes resgatados no mar e apontam como exemplos os casos dos navios Lifeline, Aquarius I, Diciotti, Aquarius II, Sea Watch III, Alan Kurdi e outras pequenas embarcações.
De acordo com os dados oficiais, desde 2018 até o corrente mês de agosto, Portugal acolheu 129 pessoas resgatadas pelos navios humanitários no Mar Mediterrâneo, local a que o Papa Francisco já apelidou de “grande cemitério” face aos constantes naufrágios que aí ocorrem. (X)