Oliver Quinto
Pela primeira vez desde 1970, Portugal perde população entre censos. De acordo com os resultados dos recenseamentos gerais da população e habitação deste ano (Censos 2021), o número de residentes caiu 2% nos últimos dez anos, e neste momento contabiliza um pouco mais de 10,4 milhões. O Interior registou um decréscimo de habitantes, com a exceção de Odemira, o município que mais cresceu, não por coincidência graças à imigração. Na última década, o saldo migratório positivo não foi suficiente para corrigir o saldo natural negativo, ou seja, a diferença entre fecundidade e mortalidade. Num cenário hipotético, caso Portugal fechasse já as portas à imigração e contasse apenas com o saldo das taxas de nascimentos e de óbitos, e ainda nenhuma ação tomasse para controlar a regularidade migratória, iria encolher até 2060. Passaria dos atuais 10,4 milhões para 7,8 milhões de habitantes. O que isso representa? Portugal não teria pessoas para trabalhar em empregos como na construção civil ou no cuidado a idosos, não teria quadros qualificados suficientes a ocupar os lugares necessários, levando a um recuo da economia. O número de idosos iria aumentar, ao passo que o número de gente em idade ativa iria diminuir. Trata-se de um cenário hipotético, mas não são todos os cenários hipotéticos? Está respondida a questão supra formulada.