Portugal: Tráfico humano e assédio sexual durante a Jornada Mundial da Juventude – relatório

Manuel Matola

Pelo menos quatro possíveis casos de tráfico de seres humanos para fins laborais e três de eventuais vítimas de assédio sexual foram registados durante a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) em Lisboa.

Um relatório divulgado hoje pela Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) revela que, das 30 situações de apoio registadas durante a JMJ, quatro delas apontaram para suspeitas de tráfico de pessoas, representando 13,3% dos casos, alegadamente praticado por empresas subconcessionadas que operavam no evento religioso, considerado o maior da Igreja Católica.

A revelação desses incidentes levanta questões sobre a segurança e a proteção das pessoas envolvidas em grandes eventos religiosos e destaca a necessidade de vigilância e medidas preventivas rigorosas, pelo que essas descobertas levaram à imediata intervenção da Polícia Judiciária, que está agora a conduzir uma investigação minuciosa, de acordo com o relatório da APAV.

Além disso, o documento também destacou outras situações perturbadoras que ocorreram durante e depois da JMJ, que se realizou entre os dias 1 e 6 de agosto.

Foram cinco casos de burla (16,7%), quatro de furto (13,3%), três de importunação sexual (10%) e dois de coação/assédio (6,7%) que a Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) registou durante o período.

A APAV enfatizou que, das 30 situações de apoio, 40% delas não se relacionavam com crimes, mas sim com pedidos de assistência em questões como voos. A nacionalidade das vítimas variou, com cidadãos portugueses, europeus de outros países, africanos, sul-americanos e asiáticos entre os afetados.

O relatório também assinalou a necessidade contínua de apoio às vítimas, observando que muitas delas podem não se sentir à vontade para pedir ajuda imediatamente após incidentes de crime ou violência. Como resultado, a APAV manteve os canais de comunicação abertos e nomeou duas pessoas de contato para fornecer apoio a longo prazo.

A Jornada Mundial da Juventude em Lisboa atraiu quase 1,5 milhões de pessoas, incluindo migrantes, de acordo com dados fornecidos pela organização do evento. (MM)