PR Marcelo: “Nós ⦗portugueses⦘ temos a obrigação de perceber melhor” os imigrantes

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FOTO: Barlavento ©

Manuel Matola

O Presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, voltou a lançar um apelo aos portugueses sobre a forma como devem acolher os imigrantes, dias depois de o país testemunhar episódios negativos contra cidadãos estrangeiros: a agressão, há dias, de um jovem nepalês em Olhão (Algarve) e a morte de dois imigrantes num incêndio em Lisboa, este fim de de semana.

“Nós temos a obrigação de perceber melhor, porque outros países europeus não têm tradição de emigração. Como é que nós não compreendemos o que outros sentem cá?”, indagou Marcelo Rebelo de Sousa referindo-se aos quase 700 mil imigrantes residenes em Portugal, tal como o jovem nepalês vítima de agressão no dia 26 de janeiro, a quem o chefe de Estado português hoje pediu desculpa pessoalmente pelo sucedido.

Aos 26 anos, o jovem nepalês Nirmal chegou a Portugal, onde reside há três meses. No dia 26 de janeiro, foi o seu primeiro dia de trabalho no território português. Ao regressar da sua jornada laboral foi agredido por desconhecidos que o espancaram violentamente com pau e aos pontapés.

Marcelo Rebelo de Sousa foi visitá-lo e pediu desculpa enquanto chefe de Estado português.

“Não há justificação da agressão de que foi vítima e pedi-lhe desculpa por isso”, disse o presidente de Portugal no dia em que deu uma aula a alunos do ensino secundário na Escola Secundária Dr. Francisco Fernandes Lopes, na cidade de Olhão (Algarve), onde vivem 13% dos estrangeiros em Portugal.

Durante a aula, Marcelo Rebelo de Sousa abordou a importância da Democracia, da solidariedade e da tolerância, do respeito pelos outros, contra a xenofobia e o racismo, sublinhando os direitos das minorias e dos migrantes, na sequência do “bárbaro espancamento” ocorrido há dias naquela cidade algarvia e outros eventos do mesmo tipo.

O caso tornado público no passado fim de semana dá conta de agressões ao imigrante nepalês de 26 anos por um grupo de jovens que o roubou a mochila depois de reiterados pontapés na cabeça do jovem imigrante.

No vídeo, exibido pela SIC, os jovens espancam de forma violenta a vítima que suplica em inglês para que esses parem de o agredir e lhe devolvam, pelo menos, a mochila com documentos. Os agressores exigiam dinheiro, segundo se pode ver no vídeo.

A Câmara Municipal de Olhão admitiu que esse não foi um caso isolado, pois poderá ter ocorrido mais três ou quatro situações de agressão a imigrantes, eventualmene cometidas pelo mesmo grupo.

A SIC aponta para a ocorrência de 15 casos de agressão de imigrantes em todo no Algarve, só no último mês, segundo testemunhos recolhidos por aquela televisão privada.

A polícia diz que já identificou pelo menos um dos agressores.

FOTO: Barlavento ©
Marcelo Rebelo de Sousa diz que “não há nada que justifique esse tipo de tratamento desumano anti-democrático e criminoso e que não pode ser aceite como normal na sociedade portuguesa” e adverte:

“Há que estar atento para uma coisa que é muito importante: não se achar normal isto na sociedade portuguesa. Quem é agredido não tira emprego a ninguém, vai trabalhar e só tem dificuldade de regularizar a sua situação. E vai trabalhar em sectores onde não há portugueses”.

O ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, descreveu o comportamento do grupo de jovens responsável pela agressão como “inadmissível e inaceitável”, assegurando que nos próximos dias as autoridades portuguesas devem identificar mais suspeitos.

Imigrantes morrem em incêndio na Mouraria

Dois mortos, de nacionalidade indiana, e 14 feridos, todos já com alta hospitalar, foram vítimas de um incêndio que deflagrou, na noite de sábado, num prédio no bairro lisboeta da Mouraria.

O presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, defendeu esta segunda-feira que o incêndio da Mouraria, em Lisboa, em que morreram duas pessoas, deve servir para sacudir consciências, sublinhando que “habitação digna é um direito de todos”.

Numa publicação na rede social Twitter Santos Silva “que o incêndio na Mouraria, que vitimou tantos migrantes desprotegidos, sirva ao menos “para sacudir” as consciências dos portugueses.

“A habitação digna é um direito de todos”, disse o presidente do Parlamento português. (MM)

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