Rodrigo Lourenço
A quarta edição do Etimba Festival vai ser emitida via streaming entre Luanda e Lisboa todos os sábados do mês de junho, com o objetivo de “celebrar a arte africana e o encontro da diáspora”.
Com os festivais a serem um dos setores mais prejudicados devido às restrições impostas pela pandemia, as respetivas organizações tentam encontrar soluções para que as edições deste ano aconteçam. A escolha que grande parte dos festivais fazem é realizá-los através de plataformas de streaming.
E é nesse registo que irá decorrer a edição de 2021 do Etimba Festival nos dias 5, 12, 19 e 26 de junho. O evento estava inicialmente marcado para arrancar hoje, quinta-feira, e ao longo do mês de abril.
A fundadora do festival, Irina Vasconcelos, garantiu ao jornal É@GORA que “irá ocorrer em junho no âmbito do mês da criança”, lembrando que “este elenco wakanda se junta para angariar fundos para a construção de uma biblioteca comunitária no Lobito (Angola). O objetivo principal do festival para este ano é celebrar a arte africana e o encontro da diáspora, para o mundo ver em modo Covid-19” .
Em declarações ao Jornal É@GORA, a cantora angola afirmou que a emissão irá começar pelas 17:00 prolongando-se até às 02:00 e explicou em que moldes o evento vai acontecer: “Às 17:00 vemos um filme angolano com o apoio da Tellas; depois há uma entrevista do jornalista Carlos Gonçalves a falar com um artista que vai fazer o concerto a seguir; em seguida, há o concerto com um aviso sobre a Covid-19; e miniaulas de arquitetura. Como vamos fazer na Internet, e nem sempre a Internet é boa nos nossos países amados, são aulas de cinco minutos antes de começar os concertos. Por exemplo, antes do concerto da Irina”.
Com os Direitos das Mulheres a serem um dos pontos abordados pelo Etimba Festival, Irina Vasconcelos não deixa quaisquer dúvidas sobre a igualdade entre homens e mulheres.
“Também temos uma representante dos Direitos Humanos que vai fazer um aviso sobre os Direitos das Mulheres. Em vez de dizer que atrás de um grande homem há uma grande mulher, que é uma treta, estamos todos lado a lado. Chega uma altura em que já não é uma questão de género, mas sim capacidade de comunicarmos e estimularmos os jovens que vêm aí”, frisou.
No que diz respeito ao cartaz da quarta edição será composto por artistas das mais diversas áreas. Desde a música, ao cinema, passando pelo teatro ou artes plásticas. Segundo a organizadora, os artistas que vão atuar nos dois palcos (Luanda e Lisboa) que se encontram divididos de forma semelhante.
“Está ela por ela. Nós temos músicos aqui de Lisboa e de Angola. Posso dizer que está bem equilibrado”, assegurou.
Desde 2017 que o Etimba Festival tem entrada gratuita, no entanto, devido à questão da pandemia a edição deste ano tem um cariz solidário e explica qual o destino do dinheiro angariado.
“Nós fazemos sempre o evento com entrada livre, mas desta vez e no âmbito da pandemia, há um vilarejo com 500 pessoas que querem construir uma biblioteca comunitária e mandaram-me umas fotos. Eu vi as fotos e não posso ter conhecimento disso e ir dormir. Não posso ter conhecimento que as coisas estão mal e (dizer) ‘amanhã ligo’. […] O que angariarmos com isto vai repercutir-se diretamente para a construção da biblioteca”, afirma. (RL)