Manuel Matola
Pelo menos “100 miúdos” estarão entre as vítimas do tráfico humano no caso que hoje abalou o mundo do futebol em Portugal, após o SEF desencadear buscas em casa do presidente da assembleia da Liga de clubes, Mário Costa, e também a uma academia de futebol, localizada em Riba d’Ave, um dos alvos da operação que investiga crimes relacionados com o tráfico de seres humanos.
Em nota hoje divulgada, o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) afirmou que “está a decorrer uma operação, na zona do Grande Porto, para cumprimento de vários mandados de busca” e que “não pode, para já, adiantar qualquer outro tipo de informação, dado que o processo se encontra em segredo de justiça. A seu tempo, serão divulgados mais detalhes”.
Mas fonte ligada ao processo disse ao jornal É@GORA que neste caso de tráfico humano, “há menores” do total dos jogadores de futebol que terão sido alvo de alegados contratos ilícitos visando facilitar a sua entrada em Portugal. “Ronda os 100 miúdos” os migrantes provenientes da América Latina e de países hindustânicos (naturais do Paquistão, Bangladesh, Índia e Nepal maioritariamente), disse.
Esta segunda-feira, o SEF destacou um efetivo composto por meia centena de elementos para fazer diligências em casa de Mário Costa, já constituído arguido pelo Ministério Público por suspeitas de estar ligado a negócios ilegais com jovens jogadores de futebol oriundos do extremo-oriente e da América do Sul.
A Liga Portugal reagiu e mostrou-se “surpreendida pelas noticias veiculadas que envolvem o Presidente da Mesa da Assembleia Geral da Liga Portugal”.
No comunicado hoje divulgado, a instituição “informa que, embora os factos relatados em nada estejam relacionados com cargo exercido pelo Dr. Mário Costa na Liga Portugal”, a Liga Portugal “está a acompanhar a evolução das diligências, aguardando por mais dados — respeitando sempre o princípio da presunção de inocência e defendendo também de forma intransigente os princípios de ética e transparência da instituição — para uma avaliação mais concreta da situação”.
O Relatório Anual de Segurança (RASI) de 2022 que fala sobre tráfico de seres humanos em Portugal dá conta de um aumento do número de presumíveis vítimas sinalizadas: 378, no ano passado, mais 60 do que em 2021. (MM)