Sediqa, a refugiada afegã que acolhe refugiados em Portugal

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Sediqa Danish Nawrozi, ativista afegã dos direitos humanos. Foto retirada do Facebook

Manuel Matola

A ativista afegã dos direitos humanos Sediqa Danish Nawrozi chegou a Portugal em novembro último, no âmbito da Admissão Humanitária do Afeganistão que a levou a residir como refugiada em Fundão, centro do país, onde hoje ajuda quem fogem da guerra como a da Ucrânia a se integrar na sociedade portuguesa.

“Eu e os meus colegas estamos a ajudar os refugiados a integrarem-se na sociedade”, diz a jovem da comunidade afegã em Portugal que esta sexta-feira celebra o Nowruz, uma efeméride que marca o início do novo ano e é comemorado há 3.000 anos quer pelos sunitas e xiitas, entretanto, proibida pelos talibãs que, desde 11 de agosto de 2021, formam governo no Afeganistão.

“A 11 de agosto quando o [governo] talibã assumiu o Afeganistão, de repente, os direitos humanos desapareceram. A maior das mulheres não só perderam os seus trabalhos como também ficaram limitadas às suas casas”, diz a Mediadora Municipal e Intercultural do projeto “Fundão MEDEIA”, dinamizado pelo Município do Fundão, num vídeo partilhado pelo Alto Comissariado para as Migrações, o organismo público que centraliza o processo de acolhimento de pessoas migrantes e refugiadas em Portugal.

Licenciada em Administração de Empresas, com formação em igualdade de género e experiência na área dos direitos humanos, Sediqa Danish Nawrozi tornou-se Mediadora do projeto “Fundão MEDEIA”, uma iniciativa que visa apoiar na integração e acolhimento das pessoas imigrantes e portuguesas ciganas, através da intervenção nas áreas da educação, formação, emprego, saúde e cidadania inclusiva e participativa.

Em 16 de novembro veio para Portugal no âmbito de uma missão internacional que a ajudou a se estabelecer em Fundão, diz no vídeo onde explica o âmbito da intervenção dos mediadores.

“Devido ao meu interesse pelo trabalho humanitário decidi trabalhar e ajudar outras pessoas que fogem da guerra tal como eu” que pretendem recomeçar a vida em Portugal, onde hoje existem mais 25 mil refugiados ucranianos que fogem da guerra após a invasão russa.

“Estamos a ajuda-los em diferentes situações como matriculá-los em escolas, universidades e cursos de língua portuguesa e encontrar um emprego para estabelecer a sua vida aqui em Fundão”, uma realidade que deixou de ser possível sobretudo para as mulheres, afirma.

Esta sexta-feira, a comunidade afegã em Portugal anuncia em nota enviada ao jornal É@GORA que vai comemorar a Nova Primavera através da “dança, festa e alegria” para assinalar a “tradição, fé e cultura” do Nowruz que será marcada “com muita alegria e paz”, sentimentos e uma condição que, entretanto, quase não existe no Afeganistão onde os talibã proíbem que se toque música. (MM)

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