Manuel Matola
O Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) constituiu arguidos cinco dirigentes desportivos de um clube de futebol do Município da Guarda por suspeita de associação a uma rede de auxílio à imigração ilegal de mais de 30 jogadores, sobretudo, oriundos de países sul-americanos.
Uma equipa composta por 18 operacionais da polícia migratória realizou na passada quarta-feira uma investigação associada à instituição desportiva e, no final, executou uma dezena de mandados de busca às residências quer do presidente do clube quer de quatro outros dirigentes, bem como às habitações onde o clube alegadamente aloja(va) os jogadores.
No local, foram identificados 34 atletas praticantes de futebol, dos quais 31 de nacionalidades estrangeiras.
O atletas viviam “em condições precárias de sobrelotação”, diz o SEF em nota hoje divulgada sobre as buscas a um clube de futebol da Guarda não identificado, assinalando que “24 são atletas do clube, sendo que 21 dos atletas possuem nacionalidades de países terceiros, tendo-se verificado que, na sua maioria, a permanência em território nacional não está regularizada. A correspondente situação documental merecerá, agora, uma análise cuidada e pormenorizada do SEF”.
O ESQUEMA
O SEF revela quais os esquemas utilizados pelo clube de futebol da Guarda, o seu presidente e quatro outros dirigentes, todos com nacionalidades estrangeiras, agora constituídos arguidos por indícios da prática dos crimes de auxílio à imigração ilegal.
Por um lado, “o clube, a coberto de cartas convite, na maioria apenas para prestação de provas, terá garantido a entrada de atletas no país. Os cidadãos eram, posteriormente, inscritos como profissionais, por forma a obterem a sua regularização em Portugal como trabalhadores subordinados, verificando-se não haver o correspondente pagamento salarial”, diz o SEF.
Mas, segundo a polícia migratória, havia outra técnica: “Seriam, ainda, utilizados no mesmo esquema de angariação requerentes de vistos de Estada Temporária para exercício de atividade amadora, alegadamente obtidos com recurso a declarações falsas”.
No decorrer da operação, garante o SEF, foi apreendida diversa documentação relacionada com a entrada e permanência de cidadãos estrangeiros em território nacional, nomeadamente documentos indiciadores da realização de contratos de trabalho de conveniência, assim como material informático e de comunicações. (MM)