O Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) deteve dois irmãos que submetiam 15 cidadãos estrangeiros ao tráfico humano, uma prática protagonizada por redes de aliciamento de trabalhadores maioritariamente do Leste Europeu para Portugal onde, entretanto, acabam explorados em herdades agrícolas.
Em nota, o SEF diz que “levou hoje a cabo o cumprimento de dois mandados de detenção por suspeitas dos crimes de tráfico de pessoas, auxílio à imigração ilegal e angariação de mão de obra ilegal”, numa operação denominada “Fratello (irmão)” que decorreu nas zonas de Alcácer do Sal e de Beja.
A intervenção da polícia migratória portuguesa resultou na “identificação de 15 cidadãos de nacionalidade estrangeira, oriundos do leste europeu, os quais viviam, na sua maioria, sujeitos a condições degradantes no que diz respeito às condições de trabalho, alojamento e salubridade”, refere a nota.
Os trabalhadores estavam indicados para fazer a preparação da campanha da azeitona, mas “muitos deles acabaram privados da respetiva remuneração e com recurso a violência física”, pelo que “os cidadãos foram devidamente sinalizados como vítimas de tráfico de seres humanos, tendo sido disponibilizado todo o apoio necessário”, destaca a mesma nota.
Por isso, assinala o SEF, “no terreno, estiveram também presentes elementos da Rede de Apoio à Vítima, do Alentejo, de forma a garantir o tratamento adequado das situações ali detetadas”.
Durante as buscas, as autoridades migratórias encontraram “diverso material de prova da atividade criminosa”: dinheiro, telemóveis, computadores portáteis e 11 mil cigarros artesanais, agrupados em maços de 20, “que eram vendidos aos trabalhadores, cujo valor era deduzido dos salários”, refere o SEF.
A detenção dos dois irmãos, também eles oriundos do leste da Europa, resulta de uma denúncia que levou a que o Ministério Público de Évora delegasse o SEF a intervir.
A instituição destacou 24 operacionais ao terreno onde já haviam sido sinalizadas outras cinco vítimas de tráfico, que, no entanto, se encontram atualmente em casas seguras.
De acordo com o Relatório Anual de Segurança Interna (RASI), em 2018 foram instaurados 94 processos-crime no âmbito da criminalidade relacionada com o trafico de pessoas em Portugal, tendo no quadro de inquérito em investigação sido constituídos arguidos 34 cidadãos e outros 21 detidos. (X)