Manuel Matola
Dois imigrantes albaneses, com idades entre 21 e 23 anos, foram constituídos após serem identificados como potenciais destinatários de uma correspondência com documentos falsos apreendidos semana passada, em Lisboa, e que seriam usados por ambos para chegar ao Reino Unido a partir de aeroportos portugueses, anunciou hoje o SEF.
Em nota hoje divulgada, o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) garante que agora está “atento a este fenómeno criminal” que envolve redes transnacionais de falsificação de documentos.
A polícia migratória portuguesa conta que apreendeu a correspondência com documentos de identificação falsos e constituiu arguidos os dois destinatários que pretendiam viajar para o Reino Unido a partir de aeroportos portugueses.
Segundo aquele serviço de segurança, a correspondência proveniente do Reino Unido continha documentos de identificação falsos e outro material probatório, cujos destinatários eram dois cidadãos de nacionalidade albanesa, que aguardavam os documentos em Portugal para depois tentarem viajar para o Reino Unido através de aeroportos nacionais.
Para o SEF, as ocorrências relacionadas com a interceção e detenção de cidadãos albaneses portadores de documentação fraudulenta nos postos de fronteira portugueses revelam “um modus operandi utilizado tipicamente por redes criminosas transnacionais que se dedicam à prática dos crimes de auxílio à imigração ilegal e falsificação de documentos e que se julga utilizarem Portugal como plataforma de trânsito para colocar estes cidadãos em outros países europeus”.
Darkweb
Na semana passada, as autoridades migratórias anunciaram ter desmantelado, em Lisboa uma rede internacional de falsificação de documentos, que culminou com a detenção de dois cidadãos estrangeiros, cujas nacionalidades não foram reveladas, por suspeita da prática dos crimes de falsificação, contrafação de documentos e outros crimes informáticos.
Segundo referiu o SEF, na altura, a rede desmantelada em Portugal “viajava por vários países europeus e da América do Sul, movimentava significativas quantias de dinheiro, sob a forma de criptomoedas, o que lhes permitia, além do avultado lucro, obter tecnologia de ponta para a elaboração de milhares de documentos falsos de elevada qualidade”.
No comunicado, aquela instituição frisa que a operação denominada “Fewas”, levada a cabo pela polícia migratória portuguesa, “foi o culminar de uma investigação de dois anos a uma complexa e furtiva rede internacional que recorria à darkweb para vender diversos tipos documentos de identificação, incluindo passaportes portugueses, de vários países europeus, americanos e árabes”.
Hoje, o SEF assegurou que tem estado “atento a este fenómeno criminal” e tem identificado o perfil do passageiro em função do destino e da documentação apresentada, mantendo uma especial atenção às ligações aéreas para países de referência.
Contudo, não estabelece nenhuma relação entre os dois casos.
Aquele serviço de segurança refere também que tem vindo a cooperar com a EUROPOL e vários países, nomeadamente europeus, Estados Unidos, Albânia e Kosovo, cuja troca de informação tem permitido a identificação de alegados facilitadores e a detenção de elementos de estruturas criminosas em Portugal e em outros Estados-membros da União Europeia.
Os dois jovens imigrantes da Albânia, de 21 e 23 anos, foram constituídos arguidos e sujeitos a termo de identidade e residência. (MM e Lusa)