SEF recolhe dados biométricos do afegão Mehranga e amigos para emissão de residência provisória

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FOTO: OIM/Christine Nikolaidou ©

Manuel Matola

O Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) já recolheu os dados biométricos do jovem afegão Mehranga e outro 24 menores não acompanhados, que chegaram a Portugal desde campos de refugiados da Grécia, para a emissão de Autorizações de Residência Provisória, anunciou a polícia migratória portuguesa.

“Ao SEF cabe a missão de documentar e de instruir os processos de proteção internacional dos 25 menores de várias nacionalidades, como Egito, Afeganistão, Irão e Gâmbia”, destacou a instituição que controla a entrada de estrangeiros em Portugal.

A OIM e o ACNUR garantem que este é o primeiro grupo a ser recolocado em Portugal, resultado de uma iniciativa conjunta de 11 Estados-membros da União Europeia e Noruega que se comprometeram a receber 3.300 crianças da Grécia para outro estado Europeu, incluindo crianças migrantes desacompanhadas e outros requerentes de asilo vulneráveis.
Portugal comprometeu-se a recolocar 500 crianças não acompanhadas vindas da Grécia.

Os 25 menores não acompanhados chegaram da Grécia em 07 de julho. São no total 19 do Afeganistão, 4 do Egipto, 1 da Gâmbia e 1 do Irão, com idades compreendidas entre os 15 e 17 anos. Sem quaisquer laços de familiaridade chegaram sozinhos ao continente europeu fugindo de situações várias nos seus países.

Mehranga é uma delas. Aos 16 anos, o jovem afegão apanhou avião pela primeira vez na vida e deixou para trás memórias de um conflito que há duas décadas opõe várias facções terroristas no seu país de origem, Afeganistão. Na véspera de entrar para a aeronave, o adolescente revelou o que de mais precioso transportava na bagagem: o sonho de querer ser psicólogo em Portugal.

E mesmo antes de saber os contornos da recolocação num país totalmente em paz e dos mais seguros do mundo, o afegão decidiu abandonar o mar de incertezas que a guerra civil que ficou lá longe o impôs e fixar-se apenas nos passos futuros que deve dar.

“Eu sei que aprender a língua é muito importante. Depois disso, espero ir para a Universidade”, diz Mehranga, citado numa nota conjunta divulgada pela OIM e pelo ACNUR em Lisboa, onde as duas “agências da ONU dão as boas-vindas à chegada de crianças não acompanhadas da Grécia”.

FOTO: OIM/Christine Nikolaidou ©
Em Portugal, Mehranga e amigos estão a lutar para, em breve, ser oficialmente refugiados. Mesmo ainda sem saber muito da realidade do pais de acolhimento Mehranga garante que está “com um pensamento positivo para este novo começo”.

“É a primeira vez que estou a apanhar um avião e estou mesmo entusiasmado. Não sei muito sobre Portugal, mas estou com um pensamento positivo para este novo começo”, assegurou Mehranga no dia em que chegou ao território português na companhia de outros rapazes da sua geração.

Segundo o comunicado conjunto divulgado pela OIM e pelo ACNUR em Lisboa, o adolescente revelou o sonho de se formar longe de casa.

“Estou ansioso para chegar e ingressar na escola”, diz o adolescente.

Até porque Mehrang não tem garantia nenhuma do dia em que voltará para o país que o viu nascer. Por isso, tem um plano bem traçado. Um rumo.

“Quero tornar-me psicólogo e comunicar com outras pessoas. Tomei esta decisão ainda no meu país de origem e tenho a certeza que é o caminho que quero seguir,” afirma o afegão, que juntamente com outros colegas foram acolhidos por um período inicial de 3 a 6 meses num centro de receção da Cruz Vermelha Portuguesa e acompanhados por uma equipa socioeducativa multidisciplinar, que inclui psicólogos, assistentes de educação e assistentes sociais.

A nota do SEF acrescenta que os menores, que se encontravam em campos de refugiados na Grécia, chegaram ao país “ao abrigo do Programa de Recolocação Voluntária, e contam atualmente com o apoio de uma equipa técnica e educativa multidisciplinar e com formação nas áreas de migrações e promoção e proteção de crianças e jovens”.

A força policial sublinha ainda que a recolha dos dados biométricos foi feita esta terça-feira através de um novo sistema portátil, denominado ‘mala K-móvel’, que “permite dar uma resposta mais eficaz e célere”. (MM)

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