Manuel Matola
Portugal voltou a registar hoje uma vez mais o fenómeno de tráfico de seres humanos que levou à detenção de 28 pessoas no Alentejo onde foi “descoberto” um número infindável de imigrantes a morar em situação precária.
O ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, disse que em breve haverá “muitas outras operações” semelhantes à mega operação que decorreu hoje nas zonas de Évora e da vila de Cuba.
Segundo a PJ, os suspeitos, de nacionalidade portuguesa e estrangeira, “integram uma estrutura criminosa dedicada à exploração do trabalho de cidadãos imigrantes, na sua maioria aliciados nos seus países de origem, tais como Roménia, Moldávia, Ucrânia, Índia, Senegal, Paquistão, entre outros, para virem trabalhar em explorações agrícolas naquela região do nosso país”.
Os indivíduos “encontram-se fortemente indiciados pela prática de crimes de associação criminosa, de tráfico de pessoas, de auxílio à imigração ilegal, de angariação de mão-de-obra ilegal, de extorsão, de branqueamento de capitais, fraude fiscal, ofensas à integridade física, posse de arma de fogo e falsificação de documentos”.
A mega operação que levou hoje à detenção do grupo das 28 pessoas é reflexo de que as autoridades portuguesas “estão a atuar” no combate ao tráfico de seres humanos, onde há uma rede criminal que se aproveita dos imigrantes, afirmou o ministro.
Para José Luís Carneiro, o “problema não está nos imigrantes”, mas sim “nas redes que se aproveitam das suas fragilidades pra os explorar”, nomeadamente, a falta de documentados da parte dos cidadãos estrangeiros que, durante anos, não obtém quaisquer respostas da parte das autoridades migratórias portuguesas.
Falando aos jornalistas à margem da CNN Internacional Summit, no Porto, José Luís Carneiro reconheceu que, em Portugal e na Europa, “há redes que se organizam, que são redes criminais, que atuam no auxilio à imigração ilegal. E, por vezes, em regra, o problema não está nos imigrantes, está nas redes que se aproveitam das suas fragilidades para os explorar. Aí as autoridades devem ser imperativas no exercício da sua autoridade e é isso que hoje, pela informação que disponho, a Polícia Judiciária fez”.
“Temos de ser intransigentes no combate às redes de imigração ilegais”, diz ministro
O ministro da Administração Interna considera que “o que hoje aconteceu mostra que as autoridades com competências de investigação estão a atuar. Neste caso foi o Ministério Público que, com o apoio da Polícia Judiciária, desenvolveu estas diligências, a par de outras operações que têm existido no país”.
Há vários processos de inquérito em curso
O ministro da Administração Interna lembrou que há vários inquéritos a decorrer e que, na transição do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras para AIMA, deu “conta de que havia cerca de 800 processos de inquérito em curso”, o pelo que nos próximos tempos haverá “muitas outras operações haverá” para identificação de pessoas em situação de tráfico e que muitas vezes não sabem que estão nessa condição. (MM)