Ucranianos ortodoxos: 12 anos clamando por um terreno para “cultivar a fé” em Albufeira

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Manuel Matola

A comunidade religiosa ucraniana residente em Albufeira está há 12 anos à espera de um despacho daquela autarquia para atribuição de um lote de terreno onde os crentes pretendem erguer uma igreja ortodoxa para “cultivar a fé”.

Ao jornal É@GORA, o município diz ter conhecimento da solicitação, mas pede paciência aos crentes ortodoxos que todos os domingos professam a sua fé numa garagem improvisada.

A denúncia foi feita ao jornal É@GORA por um dos crentes da igreja ortodoxa ucraniana que, numa nota, apela à intervenção das autoridades municipais ou, se necessário, da Igreja Católica com quem a Igreja Greco-Católica ucraniana tem vindo a melhorar suas relações de cooperação nos últimos tempos.

Em 2022, o líder das igreja ortodoxa da Ucrânia e o Papa Francisco destacaram o trabalho comum das Igrejas.

Com a vinda do Papa Francisco à Jornada Mundial da Juventude, em Portugal, o tema de atribuição de um lote de terreno poderá ser abordado, dado que há uma boa relação entre a Igreja Católica e a Igreja Greco-Católica ucraniana.

“É importante que a Autarquia de Albufeira e a Igreja Católica, num momento em que esta comunidade e os seus familiares sofrem com a guerra [na Ucrânia], considerem seriamente as necessidades da comunidade ucraniana em Albufeira e ajudem a fornecer um espaço adequado para a prática da sua fé”, lê-se na carta enviada ao jornal É@GORA.

Durante o Verão, a temperatura no interior daquela garagem improvisada sobe para níveis contrários ao do lugar onde qualquer cristão anseia entrar após a morte: o paraíso.

É por isso que os crentes ortodoxos naquela zona do Algarve consideram que “a comunidade ucraniana em Albufeira vive uma situação precária devido à falta de uma igreja ortodoxa”.

Na carta, o crente aponta como principal consequência do silêncio da autarquia “o desconforto” que os vizinhos sentem pela presença de centenas de pessoas que se amontoam à frente da igreja.

“A falta de um espaço adequado tem causado desconforto aos vizinhos que constantemente reclamam devido à afluência de centenas de pessoas que, por não caberem na igreja improvisada, se amontoam à frente da igreja na esperança de ouvir um pouco da missa, o que se tornou ainda mais evidente com o aumento da comunidade em tempos de guerra e conflito na Ucrânia”, diz.

Em declarações ao Jornal É@GORA, a vereadora da Ação Social e Habitação Social, Cláudia Guedelha, confirmou a existência de um pedido nesse sentido, mas assinalou:

“Quando conseguirmos iremos responder como respondemos a todas as associações [mas] quando conseguirmos”, disse Cláudia Guedelha lembrando que “as autarquias têm muitas responsabilidades”.

São instituições que “têm que dar muitas respostas [aos pedidos dos munícipes, pelo que] quando conseguirmos e acharmos que é um momento ideal é o que faremos como temos feito com outras situações”, assinalou.

Segundo se lê na carta enviada ao Jornal É@GORA, “a comunidade ucraniana em Albufeira tem crescido exponencialmente nos últimos anos, com a chegada de refugiados de guerra e imigrantes em busca de uma vida melhor” em Portugal.

São, na sua maioria, imigrantes que trabalham na indústria do turismo em Albufeira e que “pagam os seus impostos regularmente”. No entanto, acrescenta a denúncia, “eles ainda não têm uma igreja ortodoxa para praticar a sua fé”, apesar da disponibilidade financeira para financiar a construção de raiz de uma igreja.

Apesar dos esforços da última década, “ainda não houve resposta concreta por parte da Autarquia, que prometeu discutir o pedido em uma reunião de câmara, mas nunca o fez”, diz a denúncia. (MM)

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